Cabral diz que não vai tolerar nada que afete o abastecimento de água do Rio
Governo de São Paulo quer água do rio Paraíba do Sul para resolver problemas de abastecimento
Brasil|Kamilla Dourado, do R7, em Brasília
O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, disse nesta sexta-feira (21) que não vai permitir nenhuma medida que “afete o abastecimento” de água no Estado.
O governo de São Paulo quer interligar a bacia do rio Paraíba do Sul, que nasce no Estado, com o Sistema Cantareira, que abastece a Grande São Paulo. Por causa da falta de chuvas, o reservatório tem os piores níveis dos últimos 40 anos.
Segundo Cabral, a situação ainda tem que ser discutida por órgãos técnicos dos dois Estados, mas ele adiantou que não vai tolerar que falte de água nas torneiras do Rio para abastecer São Paulo.
— Nada que afete o abastecimento de água no Rio de Janeiro, nada, nada, uma gota sequer, nós vamos tolerar. Não há possibilidade. O governador Alckimin merece de mim todo apoio, todo respeito. Agora, nós só temos um rio, que é o rio Paraíba. Nós temos a necessidade de fornecimento da água do Paraíba, no que tange o Rio de Janeiro. Nós temos residências, empresas, é um assunto muito sério, que tem que ser tratado nos órgãos técnicos.
Transposição será normal
A polêmica entre São Paulo e Rio de Janeiro, que "disputam" as águas do rio Paraíba do Sul para evitar racionamento, revelou a crise por que passam os recursos hídricos no Sudeste, especialmente em um momento de estiagem.
O presidente da ANA (Agência Nacional de Águas), Vicente Andreu, alerta que a transposição de águas de um Estado para outro, alternativa buscada pelos paulistas, será uma medida comum no futuro.
De acordo com Andreu, os governantes precisam se preparar e discutir, de maneira conjunta, os problemas de escassez de água para se anteciparem aos problemas e aumentar a segurança hídrica no País.
— É um fenômeno natural, não no Brasil, mas no mundo inteiro. Já se discutem questões de transposição e interligação de bacias. Isso vai acontecer e nós devemos nos antecipar para evitar situação como essas, nas quais, diante de uma crise, se buscam soluções [imediatas] e o arranjo fica muito difícil em função dos vários interesses envolvidos na disputa.