Carta de Temer é “a largada para a saída do PMDB do governo”, diz Cunha
Presidente da Câmara ainda falou sobre confusão na montagem da comissão do impeachment
Brasil|Do R7
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou nesta terça-feira (8) que a carta enviada pelo vice-presidente Michel Temer à presidente Dilma Rousseff não tem relação com o processo de impeachment.
— [A carta] não tem nada a ver com o processo de impeachment, mas independente do processo de impeachment, essa carta é a largada para a saída do PMDB do governo.
Em uma carta que causou polêmica, inclusive no próprio PMDB, presidido por Temer, ele afirma que foi tratado durante todos esses cinco anos em que está no cargo como “vice decorativo”. Também diz que Dilma não o ouviu na hora de direcionar políticas econômicas e nomeações de cargos.
Cunha é o principal defensor da saída do PMDB da base aliada do governo. Desde o começo deste ano, o partido está dividido. O líder da bancada peemedebista na Câmara, Leonardo Picciani, citado na carta, é um dos parlamentares contrários ao impeachment.
Comissão
Cunha também minimizou a polêmica em torno da votação para compor a comissão que vai analisar o pedido de impeachment da presidente. A entrega dos nomes dos indicados chegou a ser adiada por Cunha, ontem.
Deverá ser feita uma eleição suplementar para as vagas que faltam ser preenchidas na comissão, já que os partidos não indicaram todos os 65 titulares e outros 65 suplentes. O governo quer que a votação seja aberta e a oposição quer voto secreto. O PCdoB entrou com um pedido no Supremo Tribunal Federal para tentar garantir a votação aberta.
Cunha falou sobre o andamento do processo.
— Ela [eleição] vai ser feita na forma regimental, que fala que as eleições são feitas na casa por voto secreto. Eu vou cumprir o Regimento.
Os nomes das duas chapas foram apresentados ao presidente da Câmara na tarde de hoje. A primeira chapa tem apenas 47 deputados (nomes indicados pelos líderes dos partidos) e a segunda tem 39 (composta por oposição e dissidentes do PMDB).