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Com atos em seis capitais, greve de juízes abrange 30% da categoria

Mobilização defende auxílio-moradia, pede independência aos magistrados e quer remuneração única na União e nos Estados

Brasil|Diego Junqueira, do R7

Para presidente da Ajufe, fim do auxílio enfraquece Judiciário
Para presidente da Ajufe, fim do auxílio enfraquece Judiciário Para presidente da Ajufe, fim do auxílio enfraquece Judiciário

A Ajufe (Associação dos Juízes Federais do Brasil) e a Anamatra (Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho) convocam para esta quinta-feira (15) uma paralisação nacional de juízes para defender o auxílio-moradia, que será analisado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) no próximo dia 22. Juntas, as Justiças Federal e Trabalhista contabilizam 5.400 juízes, ou 30% dos 18 mil magistrados do país.

“O que nos motiva é a retaliação que as instituições [judiciais] estão sofrendo. Nunca no Brasil houve investigação e condenação de pessoas poderosas, como ex-governadores, ex-presidente da Câmara e grandes empresários, e isso está causando uma reação”, diz Roberto Veloso, presidente da Ajufe.

Juízes vão à greve divididos

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Para ele, a perda do auxílio-moradia enfraquece o Judiciário brasileiro e compromete a independência dos magistrados, que estariam pressionados por parlamentares, autoridades e empresários em razão das investigações contra a corrupção no país.

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— Se a justiça federal enfraquecer, vai enfraquecer o enfrentamento à corrupção. Nós estamos alertando isso.

Atualmente em R$ 4.377,73, o auxílio-moradia é pago desde setembro de 2014 a todos os juízes do país, mesmo àqueles que possuem imóvel próprio na cidade de trabalho. O pagamento é garantido por decisão liminar (provisória) do ministro Luiz Fux, do Supremo. Com base nessa decisão, o benefício foi ampliado para promotores e procuradores federais.

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Segundo a Ajufe, os juízes federais que aderirem vão trabalhar em esquema de plantão. “Serviços urgentes como a análise de habeas corpus e de demandas que envolvam risco de vida não serão afetados”, diz a associação em nota.

Com 2.000 associados, a Ajufe aprovou a paralisação após votação online de 1.306 membros — 1.063 votaram favoravelmente e 243 foram contra. Em todo o país, a Justiça Federal conta com 1.800 magistrados.

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"Se a justiça federal enfraquecer%2C vai enfraquecer o enfrentamento à corrupção"

(Roberto Veloso, da Ajufe)

Já na Justiça do Trabalho, formada por 3.600 juízes, a expectativa é de que 25% dos magistrados parem, segundo o presidente da Anamatra, Guilherme Guimarães Feliciano.

— Não vai haver fechamento de fórum, o serviço continua aberto ao público. Mas orientamos aos associados para redesignar audiências não urgentes e atender os casos inadiáveis. Tutela de urgência, pedido de liminar, situação de necessidade iminente, expropriação de patrimônio ou audiência envolvendo réu ou testemunha presa, o que mobiliza escolta policial, serão atendidos.

A associação tem 4.000 associados e, segundo Feliciano, quase 600 membros votaram favoravelmente à paralisação. A maior associação de juízes, a AMB (Associação de Magistrados do Brasil), não aderiu ao movimento e dividiu a categoria.

Apoio do Ministério Público

Além de Ajufe e Anamatra, a mobilização tem apoio de duas associação do Ministério Público, a ANPT (Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho) e a ANPR (Associação Nacional dos Procuradores da República), que alertam que não irão parar de trabalhar, mas somente participarão das manifestações. Há atos marcados em seis capitais: Brasília (DF), São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador (BA) e Belém (PA), às 14h30, e Porto Alegre (RS), às 13h30.

“Procuradores e promotores estarão reunidos para defender a valorização de ambas carreiras nesse contexto de ataque e ofensas à magistratura e ao Ministério Público”, diz o procurador do Trabalho Ângelo Fabiano Farias da Costa, presidente da ANPT.

De acordo com as associações, o possível fim do auxílio-moradia faz parte de uma campanha contra a magistratura e o Ministério Público, que inclui também o projeto de lei de abuso da autoridadee o projeto que pune juízes por violar prerrogativas dos advogados.

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