Comissão da verdade investigará se 44 mortes na ditadura foram realmente suicídio
Suspeita é de que homicídios foram disfarçados para encobrir crimes
Brasil|Do R7
A CNV (Comissão Nacional da Verdade) identificou 44 casos do que chamou de "suicidados" pela ditadura, e passará a analisar com maior profundidade as circunstâncias da morte dos opositores do regime ditatorial no Brasil. A suspeita se deve ao fato de as mortes terem sido registradas como suicídio, porém, os laudos necroscópicos, fotos e outros registros apontarem inconsistências, levando a acreditar em uma farsa criada pelo governo.
A comissão irá usar técnicas de perícia para tentar solucionar as possíveis fraudes criadas pelo regime ditatorial para disfarçar as circunstâncias reais das mortes.
Entre os casos emblemáticos, se destaca o de Luiz Eurico Tejera Lisboa, o Ico, morto em São Paulo em 1972. Ele foi enterrado sob o nome falso de Nelson Bueno no cemitério de Perus. À época, a morte foi registrada como suicídio, mesmo seu corpo tendo sido encontrado com um tiro na cabeça.
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Diversos peritos preparam a lista de casos a serem analisados. Sobre o caso de Ico, Claudio Fonteles, coordenador da CNV, é pontual.
— Eurico Tejera foi "suicidado". Mataram ele. Ele não se suicidou coisa nenhuma.
Os peritos que analisarão estes casos também investigam a morte do ex-presidente Juscelino Kubitscheck, em 1976. A versão oficial consta que o carro em que o político estava bateu de frente com um caminhão em uma rodovia. Porém, investigações desde a década de 1980 já lançavam dúvidas sobre uma possível veia criminal no acidente.
Exumação de João Goulart
A CNV, o MPF-RS (Ministério Público Federal no Rio Grande do Sul) e SDH (Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República) conduzirão a exumação do corpo do ex-presidente João Goulart. O político morreu na Argentina em 6 de dezembro de 1976.
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Há a suspeita de que sua morte tenha sido articulada pela ditadura, com o apoio dos regimes ditatoriais de outros países da América do Sul. A suspeita cresceu após um ex-agente confirmar que o ex-presidente foi vigiado durante seu exílio no país vizinho.
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