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Congresso pode votar nesta quarta derrubada de veto à desoneração

Ampliação do benefício tributário a empresas de 17 setores até 2021 foi barrada pelo presidente Bolsonaro, e parlamentares podem rever decisão 

Brasil|Márcio Pinho, do R7

Sessão do Congresso para promulgação do Fundeb. Parlamentares se reúnem nesta quarta
Sessão do Congresso para promulgação do Fundeb. Parlamentares se reúnem nesta quarta Sessão do Congresso para promulgação do Fundeb. Parlamentares se reúnem nesta quarta

O Congresso Nacional pode votar nesta quarta-feira (4) a derrubada do veto do presidente Jair Bolsonaro à prorrogação da desoneração da folha de pagamento de empresas até o final de 2021. O assunto está na pauta de duas sessões remotas marcadas para esta quarta, uma às 10h e a outra às 16h.

A desoneração foi criada em 2011 e consiste em um sistema diferenciado de recolhimento da contribuição ao INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) pelos patrões, permitindo economia a companhias de 17 áreas como call center, transportes e telecomunicações. Elas empregam juntas 6 milhões de trabalhadores.

Entenda o que está em jogo na votação sobre veto à desoneração

O benefício acabaria em 2020, e o Congresso aprovou uma lei em que um dos artigos determinava a prorrogação da desoneração até o final de 2021. Em julho, o presidente Bolsonaro vetou esse trecho, afirmando não haver previsão para essa renúncia de receita no Orçamento do próximo ano, entre outros argumentos.

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A análise do veto foi incluída na pauta pelo presidente do Congresso, o senador Davi Alcolumbre (DEM-AP). O parlamentar e o governo vêm sendo pressionados por parlamentares e pelo empresariado em razão da possibilidade do aumento de demissões em 2021 nas áreas que perderão o beneficio. Para a rejeição do veto é necessária a maioria absoluta dos votos de deputados e senadores, ou seja, 257 votos de deputados e 41 votos de senadores, computados separadamente.

Na tarde de terça (3), parlamentares tentavam chegar a um consenso sobre a votação, e uma reunião chegou a ser realizada entre representantes dos partidos após convocação do líder do governo, o senador Eduardo Gomes (MDB-TO). A posição dos partidos é pela derrubada do veto, caso a votação aconteça.

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Na mesma tarde, protestos foram realizados em São Paulo e em Brasília pedindo a manutenção da desoneração.

Negociação

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A derrubada do veto nesta quarta não está garantida. A gestão Jair Bolsonaro ainda tenta encontrar uma saída para bancar a renúncia de receita que ocorrerá em 2021 com a manutenção da desoneração. Uma das apostas é mudar o formato do benefício, alterando o cálculo e incluindo todos os setores da economia.

O governo já tentou com essa proposta na mesa alcançar outro de seus objetivos, que é a criação do imposto sobre transações digitais. Com alíquota de 0,2%, o tributo que vem sendo chamado de “nova CPMF”, permitiria uma arrecadação de R$ 120 bilhões por ano, dos quais R$ 70 bilhões seriam usados para cobrir a desoneração, segundo o governo. O ministro da Economia, Paulo Guedes, no entanto, vem afirmando que a ideia do imposto digital, alvo de críticas, está "morta".

Parlamentares

Outra liderança do Congresso que vem defendendo a derrubada do veto à desoneração é o líder do PSL no Senado, o senador Major Olímpio (SP). Ele afirma que o fim da desoneração aumentará o custo das empresas e causará de 500 mil a 1,2 milhão de demissões.

Olímpio, no entanto, revela um temor compartilhado também por outros parlamentares, o de que não haja quórum para a votação de quarta-feira. Isso porque a votação do veto já foi incluída na pauta do Congresso quatro vezes e, segundo o parlamentar, o governo, apesar de nas negociações comprometer-se com a derrubada do veto, “orientou a sua base a esvaziar e não dar quórum”. A última sessão que tinha o veto à desoneração na pauta foi em setembro, cancelada justamente por falta de quórum.

Ameaçados por fim da desoneração, setores preveem deixar de contratar

A intenção de derrubar o veto à prorrogação da desoneração é compartilhada pelos partidos de oposição. Segundo o deputado federal Carlos Zarattini (PT-SP), líder da Minoria no Congresso, trata-se de um veto que prejudica os trabalhadores. "Na hora em que voltarem a cobrar pelo sistema antigo, muitas empresas vão acabar cortando trabalhador. Vai aumentar o desemprego”.

Ele teme, porém, que a proximidade das eleições prejudique o quórum necessário nesta quarta.

Mas, afinal, o que é a desoneração?

A desoneração reduz o valor do recolhimento ao INSS. Em vez de pagar 20% sobre a folha de pagamento do funcionário, o tributo pode ser calculado aplicando-se um percentual sobre a receita bruta da empresa, variando de 1% a 4,5%, de acordo com o setor.

A ideia da criação do regime diferenciado foi beneficiar setores responsáveis por um grande número de empregos, especialmente indústrias. Chegaram a ser contemplados 56 setores. Em 2018, o ex-presidente Michel Temer sancionou lei que retirou 39 áreas do regime diferenciado.

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