Conselho de Ética aprova processo contra Vargas, mas Câmara invalida decisão
Relatório foi votado durante intervalo entre sessões deliberativas no plenário da Casa
Brasil|Carolina Martins, do R7, em Brasília
O Conselho de Ética da Câmara aprovou, nesta terça-feira (29), a admissibilidade da investigação por quebra de decoro contra o deputado André Vargas (sem partido-PR). Isso quer dizer que o conselho aceitou o processo contra o deputado. No entanto, a decisão foi invalidada pela Mesa Diretora da Câmara.
Apesar de a decisão ter sido unânime no colegiado, o deputado Onofre Santo Agostini (PSD-SC), que presidia a sessão no plenário da Câmara, decidiu anular o procedimento, entendendo que ele ocorreu enquanto a Ordem do Dia estava sendo discutida.
De acordo com o Regimento da Câmara, as comissões não podem funcionar enquanto houver Ordem do Dia. Por isso, a aprovação do relatório que pede a instalação do processo por quebra de decoro contra Vargas não é considerada válida.
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Parlamentares tucanos afirmam que está havendo um "golpe" para atrapalhar a investigação das denúncias envolvendo Vargas. De acordo com o deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP), houve uma manobra para invalidar a decisão do Conselho de Ética, porque a Ordem do Dia teria sido aberta sem quórum suficiente.
Mais cedo, a sessão no Conselho de Ética foi adiada por uma manobra do PT, que esvaziou o colegiado, atrasando o início da reunião. Devido ao atraso, a sessão foi suspensa sem que o relatório pela admissibilidade da investigação fosse votado, justamente porque havia iniciado a Ordem do Dia no plenário.
Foi na tentativa de acelerar o processo que os integrantes do Conselho de Ética tentaram se reunir no intervalo entre uma sessão deliberativa e outra. Mas, a estratégia não funcionou.
Para o relator do processo de Vargas no Conselho de Ética, deputado Júlio Delgado (PSB-MG), o PT "tumultuou" a sessão e vai tentar estender a investigação o máximo que puder.
— Demonstra claramente que há uma tentativa de protelação para que esse processo não seja célere e não ande com a devida rapidez que nós desejamos aqui no Conselho de Ética. Faz parte do PT e de seus simpatizantes, ou daqueles que querem esconder algo que tem que ficar esclarecido para a sociedade brasileira.
Vargas é acusado de envolvimento com o doleiro Alberto Youssef, preso na Operação Lava Jato da Polícia Federal, acusado de lavagem de dinheiro. As denúncias são de que ele agia junto com Youssef para conseguir contratos no Ministério da Saúde.
Além disso, ele admitiu ser amigo do doleiro e ter viajado, junto com a família, às custas do doleiro. Mas, o deputado nega qualquer tipo de envolvimento com o esquema ilegal de lavagem de dinheiro.
Vargas renunciou ao cargo de vice-presidente da Câmara, mas insiste em manter o mandato como deputado. Pressionado pelo PT, ele se desfiliou do partido.