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Defesa de Cunha critica livro que especula rotina do ex-presidente da Câmara na prisão: “É uma fraude”

Editora argumenta que obra é de ficção e que advogados tentam fazer uma censura prévia

Brasil|Ana Ignacio, do R7

Eduardo Cunha foi preso no fim de 2016
Eduardo Cunha foi preso no fim de 2016

A defesa de Eduardo Cunha criticou o lançamento de um livro de ficção assinado por um pseudônimo do deputado cassado que especula sobre a rotina do ex-presidente da Câmara na prisão. Em entrevista ao R7, Ticiano Figueiredo, um dos advogados de Cunha, declarou que a obra é uma fraude e que a publicação de um livro como esse atrapalha não somente a defesa de seu cliente, mas o andamento da Operação Lava Jato como um todo.

— É inequívoco que isso atrapalha a defesa do Eduardo e a própria apuração da Lava Jato em si. É lamentável que alguém queira se valer uma fraude para ter lucro.

Para ele, o livro, divulgado pela editora como "uma sátira de uma das figuras mais polêmicas da história recente do país" pode confundir a população. 

— Claro [que confunde]. Não é uma sátira, é uma fraude. Várias pessoas, inclusive alguns políticos, vieram me perguntar se era da autoria dele, achando que poderia ser até uma estratégia da defesa.


Segundo Figueiredo, foram tomadas providências cíveis e criminais em relação à publicação do livro. No entanto, o advogado não detalhou as medidas e disse que vai aguardar os resultados para falar sobre isso. Eduardo Cunha, preso em outubro de 2016, sabe da publicação do livro usando seu nome e critica a iniciativa.

— Ele tem conhecimento. Está indignado com a exploração da imagem dele e encarou isso como uma covardia.


Cunha responde por crimes como corrupção, lavagem de dinheiro e evasão fraudulenta de divisas pela manutenção de contas secretas na Suíça que teriam recebido propina no esquema na Petrobras — em um dos casos o deputado cassado teria recebido em suas contas na Suíça propinas de ao menos R$ 5 milhões referentes a aquisição de 50% do bloco 4 de um campo de exploração de petróleo na costa do Benin, na África, em 2011. O peemedebista sempre negou ser proprietário das contas no exterior que foram descobertas pelo Ministério Público da Suíça em cooperação com os investigadores brasileiros. 

"Censura prévia"


O livro Diário da Cadeia foi lançado neste mês pela editora Record, mas ainda não foi distribuído, segundo a editora. A previsão é que a distribuição comece na segunda-feira que vem (27). Procurada pela reportagem, Carlos Andreazza, editor-executivo da Record, falou sobre o caso. Andreazza disse que a empresa ainda não foi formalmente notificada de nenhuma ação movida pela defesa de Cunha, "o que deixa a possibilidade de expressão restrita".

— Dito isso, importante registrar antes de tudo que o livro é uma obra de ficção. E que isso está muito bem expresso no livro. O Eduardo cunha, por meio de seus advogados, está movendo uma ação contra uma obra de ficção. Outro ponto é que é um movimento contra um livro que não leram. O livro ainda não está disponível, não foi distribuído, o que configura, uma vez que eles pedem uma liminar para que o livro seja recolhido e não seja vendido e distribuído, uma tentativa de censura prévia, o que a meu ver fere a decisão do STF [de outubro de 2016].

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