Em novo áudio, diretores da J&F conversam sobre ministros do STF
PGR abriu revisão das delações dos executivos da empresa
Brasil|Do R7, com Estadão Conteúdo
Os novos áudios da delação de executivos da J&F entregues à PGR (Procuradoria-Geral da República), na semana passada, mostram que o dono da empresa, Joesley Batista, e o diretor Ricardo Saud conversaram sobre três ministros do STF (Supremo Tribunal Federal): Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes e a presidente Carmén Lúcia.
Em nenhuma das gravações há indicação de que os magistrados teriam cometido algum tipo de crime.
O ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo também é citado em trechos das gravações publicados pelo site da revista Veja na manhã de terça-feira (5).
Em determinado momento, Saud e Joesley falam sobre “Fernanda”, referindo-se aparentemente à Fernanda Tórtima, que teria “surtado” quando foi sugerido incluir Cardozo na delação.
"Surtou por causa do Zé, e que sabe que se nós entregar o Zé, nós entrega o Supremo. Falei pro Marcelo: "Marcelo, você quer pegar o Supremo? Entrega o Zé. O Zé entrega o Supremo. Não, que isso, não aguenta meia hora", afirma Joesley na gravação.
Em uma outra parte das gravações, os delatores falam em "dissolver" o Supremo e que "ninguém vai ser preso".
Delação em análise
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, determinou na noite desta segunda-feira (4) a abertura de investigação que pode levar à rescisão do acordo de delação premiada de Joesley Batista e mais dois delatores do grupo J&F - os executivos Ricardo Saud e Francisco de Assis Silva.
A decisão foi tomada com base no áudio de conversa entre Joesley e Saud entregue à PGR em 31 de agosto. A conversa revelaria o que Janot chamou de indícios de "crimes gravíssimos" envolvendo Marcelo Miller, ex-procurador que foi seu auxiliar.
"Além disso, há trechos no áudio que indicam a omissão dolosa de crimes praticados pelos colaboradores, terceiros e outras autoridades, envolvendo inclusive o STF", diz o pedido entregue por Janot ao Supremo.