Ex-gerente da Petrobras admite ter recebido propina "em mais de sessenta contratos"
Pedro Barusco disse ter embolsado indevidamente US$ 97 mi. Ele prometeu devolver grana
Brasil|Do R7
O ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco, envolvido no esquema de contratos fraudulentos da petroleira descoberto pela operação Lava Jato da PF (Polícia Federal), reconheceu que recebeu propina "em mais de sessenta contratos" entre 2005 e 2010. A informação está na coluna Painel, da Folha de S.Paulo, deste sábado (13).
Barusco admitiu ter embolsado US$ 97 milhões (R$ 257 milhões) e afirmou que o ex-diretor de Serviços Renato Duque tinha uma participação ainda maior que ele no recebimento de propina.
Segundo relatório da PF com o depoimento de Barusco, o ex-gerente era responsável por organizar o pagamento de propina "mediante uma contabilidade, sendo que parte se destinava a Renato Duque, ao declarante e, excepcionalmente, a Jorge Luiz Zelada". Zelada foi diretor internacional da estatal até 2012.
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Ainda segundo Barusco, "na divisão de propina entre o declarante e Renato Duque, em regra Duque ficava com a maior parte, isto é, 60%, e o declarante com 40%". Barusco disse aos agentes da PF também que "quando havia a participação de um operador, Renato Duque ficava com 40%, o declarante com 30% e o operador com 30%.
US$ 97 milhões (R$ 257 milhões)
Depois de admitir ter recebido a propina, Barusco disse no depoimento que "quase tudo o que recebeu a título de propina está devolvendo, em torno de US$ 97 milhões [R$ 257 milhões], sendo que gastou para si US$ 1 milhão [R$ 2,65 milhões] em viagens e tratamentos médicos".
O ex-gerente afirmou também que, mesmo depois de sair da Petrobras em 2010, continuou recebendo propina quando já trabalhava para a Sete Brasil, empresa contratada pela Petrobras.
As empresas que pagavam propina não eram coagidas a adotar a prática, segundo Barusco, que afirmou que "o pagamento de propinas dentro da Petrobras era algo 'endêmico' e institucionalizado".
A defesa de Duque nega o recebimento de propina pelo ex-diretor e diz "desconhecer as práticas criminosas cometidas na companhia por Barusco ou outro executivo". Já Jorge Luiz Zelada não foi encontrado até o fechamento da reportagem.