Ex-presidente da Andrade indicou aos filhos voto em tucanos, DEM e 'amigo' Pimentel
Otávio Azevedo, que está em prisão domiciliar, foi questionado pela filha por apoio a petista
Brasil|Do R7
Um dos empreiteiros mais próximos do presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), o ex-presidente da Andrade Gutierrez Otávio Azevedo indicou aos seus filhos nomes de candidatos tucanos para votarem em 2014 para presidente, deputado federal e senador e um nome do DEM para deputado estadual em Minas.
Na lista, contudo, havia um 13, o "amigo" Fernando Pimentel (PT) candidato ao governo do Estado. Azevedo é hoje um dos e que delator na Operação Lava Jato.
As informações constam das mensagens de Whatsapp no celular do empreiteiro — que foi apreendido pela Lava Jato — e revelam o modus operandi dos familiares mineiros de Azevedo votarem seguindo referências ao pai, mesmo quando envolvia nomes do PT, partido pelo qual a família não demonstrava simpatia.
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A dois dias do primeiro turno, em 2014, Azevedo e sua mulher viajaram para Miami (EUA) e não iriam voltar a tempo para a votação, mas mantiveram as conversas com seus filhos no Whatsapp. No dia do primeiro turno, cinco de outubro, Otávio encaminha aos dois filhos que votam em Minas Gerais a seguinte mensagem:
— Eu se fosse votar, votaria: PR: Aécio; Gov: Fernando Pimentel; Senador: Anastasia; Dep Federal: Geovane Baggio (vôlei) [nome escrito errado do ex-atleta e candidato do PSDB a deputado Giovane Gavio]; Dep Estadual: Gustavo Correa (DEM).
O nome do petista Pimentel na lista surpreende a filha do empreiteiro, que pede para a mãe confirmar com ele se a mensagem não se referia ao candidato do PSDB ao governo de Minas Pimenta da Veiga. "É Fernando PIMENTEL!!! ele acabou de confirmar 13!!!", responde a mãe.
A filha estranha mais uma vez: "Do PT? Ok então", ao que a mãe responde: "Sim! Amigo do seu pai!". Pimentel acabou sendo eleito governador de Minas já em primeiro turno e, assim como seu colega empreiteiro, entrou na mira da Polícia Federal.
Diferente de Otávio Azevedo, porém, o petista não foi alvo da Lava Jato, mas da Operação Acrônimo, na qual ele é acusado de corrupção por ter favorecido empresas no período em que foi ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, entre 2011 e 2014.
Pimentel já foi denunciado ao STJ (Superior Tribunal de Justiça), que ainda não decidiu se aceita ou não a denúncia. Otávio Azevedo, por sua vez, responde a uma ação penal diante do juiz Sérgio Moro, acusado de participar do esquema de corrupção na Petrobras. Como fez acordo de delação, cumpre prisão domiciliar com tornozeleira em sua residência, em São Paulo.
O apoio ao "amigo" petista destoa da postura de Otávio Azevedo, que em mensagens com familiares e amigos deixa claro seu apoio a Aécio Neves na eleição e as críticas a Dilma e ao PT.
No dia em que viajou para Miami, na véspera do primeiro turno, o empreiteiro pede aos filhos que "elejam" o tucano. Um dia antes do segundo turno, a mulher de Otávio avisa à filha que vai para uma concentração em apoio a Aécio na Praça da Liberdade, no centro-sul de Belo Horizonte, realizada no dia seguinte.
Em outra ocasião, ao conversar com seu médico em 19 de outubro de 2014, Otávio Azevedo discute sobre o apoio ao tucano e afirma que é necessário "voto em massa para dar LEGITIMIDADE AS DURAS MEDIDAS DO AJUSTE (econômico)".
O empreiteiro ainda confirma que foi a um evento em apoio a candidatura de Aécio no Parque do Povo, na região oeste da capital paulista e que até pegou camisetas.