‘Foi uma noite vergonhosa’, diz deputado sobre absolvição de Donadon

O deputado Roberto Freire (PPS-SP), presidente do partido de oposição ao governo, classificou nesta quinta-feira (29) como vergonhosa a absolvição do deputado Natan Donadon (sem partido-RO), que, mesmo preso no Complexo da Papuda, em Brasília, teve o mandato na Câmara mantido na noite da última quarta-feira (28) pelos colegas deputados em votação secreta.

— Isso vai ficar marcado na história do parlamento brasileiro e é uma mancha indelével, uma vergonha, uma insensatez, alguém pode dizer até uma infâmia. É impossível conviver com isso. Um criminoso, com uma sentença transitada em julgado, sem direitos políticos, exercendo o mandato. Como pode se conviver com uma incongruência como essa? Ontem tivemos uma desmoralização do parlamento.

Leia mais notícias de Brasil e Política

A proposta do deputado agora é que a oposição tranque a pauta de votações na Câmara até que a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que acaba com o voto secreto seja apreciada.

— Temos que agir até que tenhamos uma resposta. Estou propondo isso, que as oposições convoquem todos aqueles que votaram contra a absolvição e proponham o trancamento de pauta, para não votarmos mais nada enquanto não aprovarmos em segundo turno PEC que trata do fim do voto secreto. E com isso nós nos precavemos para que não tenhamos uma noite tão vergonhosa outra vez.

Oposição faz coro e dispara contra manutenção de mandato de Donadon

O deputado acredita que a absolvição de Donadon irá servir de combustível para manifestações populares perto do feriado de 7 de setembro.

— Isso talvez seja o aspecto positivo de toda essa absurda situação, que o povo se indigne e vá para as ruas.

Ontem, o deputado federal Natan Donadon escapou da cassação do mandato de deputado federal. Havia 405 deputados no plenário: 233 votaram a favor da cassação, 131 contrários e 41 abstiveram os votos. Eram necessários dois terços dos 405 que votaram, mas faltaram 24 votos para a cassação.

Donadon está preso na penitenciária da Papuda, em Brasília, desde o dia 28 de julho. Ele foi condenado pelo STF a mais de 13 anos de prisão, pelos crimes de peculato e formação de quadrilha, por ter desviado R$ 8,4 milhões da Assembleia Legislativa de Rondônia, quando era diretor financeiro da instituição.