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Uma série de fotos feitas pela fotógrafa paulistana Rosa
Gauditano mostra a luta pela sobrevivência de índios Guarani-Kaiowá na beira
das estradas de Mato Grosso do Sul.
Há hoje mais de 30 acampamentos indígenas nas rodovias do
Estado, habitados, em grande parte, por Kaiowás
Rosa Gauditano / Studio R
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A fotógrafa disse que a os índios "fazem
isso por desespero, mas também como uma forma de protesto". Rosa diz que
fotografa povos indígenas há 20 anos e "nunca havia
visto situação de penúria tão grande". Segundo ela, "o que está acontecendo no Brasil é um
genocídio silencioso"
Rosa Gauditano / Studio R
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Segundo dados do último censo, há hoje 896,9 mil índios no
Brasil. Os cerca de 43 mil Kaiowás são naturais da região onde hoje ficam o
Estado de Mato Grosso do Sul e o Paraguai.
Em outubro, o caso de uma comunidade dessa tribo, acampada na
fazenda Cambará, no município de Iguatemi, MS, causou comoção no Brasil
Rosa Gauditano / Studio R
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Após uma ordem de despejo emitida pela Justiça Federal, os 170
índios do acampamento, em um local conhecido como Pyelito Kue, escreveram uma
carta que dizia: "Pedimos ao Governo e à Justiça Federal para não decretar
a ordem de despejo/expulsão, mas solicitamos para decretar a nossa morte coletiva
e para enterrar nós todos aqui".
Rosa Gauditano / Studio R
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A carta, divulgada pelo Cimi (Conselho Indigenista Missionário)
foi interpretada como uma ameaça de suicídio coletivo. Ela circulou pelas redes
sociais e deu origem a uma grande campanha em defesa dos índios, com protestos
em vários pontos do País
Rosa Gauditano / Studio R
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Como resultado, um tribunal decidiu pela permanência dos índios
no local. Mas a situação do grupo ainda não está regularizada
Rosa Gauditano / Studio R
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Ela alerta: "Em
algum momento, os índios, os fazendeiros, o governo e a sociedade brasileira
como um todo terão de chegar a um consenso e resolver a situação desse povo.
São 43 mil pessoas que precisam de sua terra para viver com dignidade". Leia mais
Rosa Gauditano / Studio R
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Em entrevista à BBC Brasil, Rosa Gauditano explicou por que a
carta da comunidade de Pyelito Kue foi interpretada como uma ameaça de
suicídio.
Segundo ela, "isso foi mal interpretado, por causa do histórico de
mortes por suicídio entre os Kaiowás. Não disseram que
iam fazer um suicídio coletivo. A intenção era dizer ao governo federal que
dali só sairiam mortos"
Rosa Gauditano / Studio R
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O índice de suicídio entre os Kaiowás começou a crescer a
partir da década de 80, quando mais e mais fazendeiros passaram a adquirir
terras na região do Mato Grosso do Sul, ou receberam concessões de terras do
governo. Desde então, a região se dedica à produção intensiva de soja, milho,
cana-de-açúcar e gado
Rosa Gauditano / Studio R
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Removidos da terra, os Guaranis-Kaiowás – que ocupavam
tradicionalmente a vasta região — começaram a ser levados para reservas
demarcadas pelas autoridades
Rosa Gauditano / Studio R
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Segundo
o antropólogo do Centro de Estudos Ameríndios da Universidade de São Paulo
Spensy Pimentel, que estuda a etnia Guarani-Kaiowá e trabalha com Gauditano, há
42 mil hectares de terras demarcadas pelo governo no Estado
Rosa Gauditano / Studio R
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À primeira vista, o território disponível parece grande. Mas se
fosse dividido entre a população Kaiowá, cada índio receberia pouco menos do
que um hectare de terra – 10 mil metros quadrados (100 m x 100 m). Ali, ele teria de viver e
dali tirar seu sustento - algo impossível para qualquer agricultor.
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Rosa Gauditano / Studio R
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Espremidos em reservas superpovoadas, os índios vivem sob
estresse físico e mental. O alcoolismo e o uso de drogas são comuns. Leia mais
Rosa Gauditano / Studio R
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Segundo o Ministério da Saúde, de 2000 a 2011 houve 555
suicídios de índios, a maioria Guaranis-Kaiowás. E o Estado de Mato Grosso do
Sul é o campeão em número de suicídios no Brasil
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Segundo Rosa, "crianças, velhos, famílias inteiras ficam acampadas na
beira da estrada. É um desespero. E há muitos atropelamentos, porque aquilo é
um corredor de autoestrada, onde passam ônibus, caminhões, carros"
Rosa Gauditano / Studio R
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Fotógrafa experiente, Gauditano se confessou chocada ao se
deparar com os acampamentos nas estradas que cercam a cidade de Dourados, um
dos polos econômicos do Estado de Mato Grosso do Sul. Leia mais
Rosa Gauditano / Studio R
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A fotógrafa disse ter ficado marcada pelo olhar dos índios: "O olhar. As pessoas têm um olhar tão triste que você fica
incomodado. Bebezinhos, crianças e velhos te olham e parece que estão olhando
para o nada"
Rosa Gauditano / Studio R
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Em meio ao sofrimento que observou em suas expedições ao MS para
fotografar os Guaranis-Kaiowás, Gauditano disse também ter encontrado
serenidade e leveza. Leia mais
Rosa Gauditano / Studio R
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Na aldeia Guaiviry, no município de Aral Moreira, a fotógrafa
registrou imagens de crianças que cantavam e dançavam. Leia mais
Rosa Gauditano / Studio R