Governo Temer apresenta programa de concessões e agrada investidores nos EUA
Ministros ressaltaram aos interessados que o projeto vai ajudar o ajuste fiscal brasileiro
Brasil|Do R7
Investidores dos Estados Unidos que participaram na segunda-feira (19) de reuniões reservadas com ministros do presidente Michel Temer em Nova York para apresentar o programa de concessões fizeram uma avaliação positiva das conversas, elogiando mudanças propostas pelo governo brasileiro.
Eles ressaltaram, porém, que faltam detalhes sobre alguns dos projetos previstos para ir a leilão e mostraram preocupação com os programas anteriores, segundo participantes da reunião.
Um ponto positivo destacado pelos investidores é que os ministros de Temer ressaltaram que o programa de concessões vai ajudar o ajuste fiscal brasileiro.
"O maior problema econômico do Brasil é o ajuste fiscal e sem ele não vamos chegar a lugar nenhum. A taxa de juros não cai", afirmou a jornalistas o secretário do PPI (Programa de Parcerias de Investimentos), Moreira Franco.
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O ministro disse que o objetivo do governo é mostrar que o ambiente econômico e de regras no Brasil está mudando. Os projetos de infraestrutura terão segurança jurídica e previsibilidade.
— Não queremos fazer pirotecnia com as concessões. Estamos buscando dar previsibilidade. Temos feito esforço para garantir o ambiente de concorrência.
As conversas foram organizadas no elegante hotel Plaza Athénée, onde Temer está hospedado, pelo Citigroup e Bank of America. Há uma nova rodada de conversas nestas terça e quarta-feira, o presidente tem reunião reservada com empresários e depois discursará em almoço com analistas de Wall Street.
Capital externo
Um dos participantes frisou como ponto positivo a intenção do governo de reduzir a participação do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) no financiamento das obras de infraestrutura.
Segundo este gestor de um grande banco dos EUA, o governo falou que a intenção é reduzir para a casa de 50% a fatia da instituição pública e buscar o restante no mercado de capitais, incluindo o internacional.
No modelo de concessão do governo anterior, a maior parte do financiamento ficava com o BNDES, com juros subsidiados, e os estrangeiros tinham pouco espaço para entrar com capital.
Os investidores elogiaram a intenção do governo de deixar as taxas de rentabilidade serem definidas pelo mercado. Mas alguns participantes saíram frustrados do encontro com a falta de detalhes sobre a estruturação dos projetos e os efeitos das concessões feitas nos governos anteriores nas atuais.
"É claro que a instabilidade preocupa. A confiança é a base do jogo. Estamos remodelando os programas para os problemas que aconteceram nas primeiras concessões não aconteçam nesta", disse o ministro dos Transportes, Maurício Quintella.
Impeachment
Os ministros de Temer, disseram os presentes, mencionaram nas apresentações o momento de transição da economia. O governo se esforçou para reforçar o compromisso com a segurança jurídica.
"Nas conversas se falou mais do momento de transição do que do passado recente", disse um gestor de um fundo em Wall Street ao ser questionado se o impeachment da presidente Dilma Rousseff foi discutido.