Janot rebate Gilmar Mendes e nega vazamentos de nomes citados nas delações da Odebrecht
Procurador-geral disse que ideia de vazamentos vem de mentes "dadas a devaneios"
Brasil|Do R7
Sem citar nominalmente o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministro Gilmar Mendes, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, atribui nesta quarta-feira (22) a ideia de que o Ministério Público tenha vazado nomes citados na delação da Odebrecht na Lava Jato a "mentes ociosas e dadas a devaneios".
— É uma mentira, que beira a irresponsabilidade, afirmar que realizamos, na PGR, coletiva de imprensa para 'vazar' nomes da Odebrecht.
A fala de Janot surge no dia seguinte a Gilmar Mendes, que também é ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), responsabilizar a PGR (Procuradoria-Geral da República) pelo vazamento de nomes de políticos com prerrogativa de foro junto ao Supremo alvos de pedidos de abertura de inquérito baseados na delação da Odebrecht.
Mesmo sem mencionar os encontros que Gilmar Mendes tem tido recentemente com políticos, como o presidente Michel Temer e os presidentes da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), citados nos vazamentos da Lava Jato, Janot garantiu que os membros do Ministério Público evitam a aproximação com parlamentares.
— Procuramos nos distanciar dos banquetes palacianos. Fugimos dos círculos de comensais que cortejam desavergonhadamente o poder político. Ainda assim, meus amigos, em projeção mental, alguns tentam nivelar a todos à sua decrepitude moral, e para isso acusam-nos de condutas que lhes são próprias, socorrendo-se não raras vezes da aparente intangibilidade proporcionada pela posição que ocupam no Estado. [...] Infelizmente, precisamos reconhecer que sempre houve, na história da humanidade, homens dispostos a sacrificar seus compromissos éticos no altar da vaidade desmedida e da ambição sem freios.
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Janot também afirmou que os críticos da Lava Jato são os mesmos que têm os interesses contrariados pela operação. Na véspera, Gilmar Mendes falou em "crime" de vazamento das delações e defendeu a anulação dos acordos de delação premiada vazados pela imprensa.
— Cheguei a propor, no final do ano passado, o descarte do material vazado, uma espécie de contaminação de provas colhidas licitamente, mas divulgadas ilicitamente. [...] Quando praticado por funcionário público, vazamento é eufemismo para um crime: a violação de sigilo funcional, artigo 325 do Código Penal.
Os 83 pedidos de abertura de inquérito feitos por Janot ao STF chegaram na terça-feira ao gabinete do relator da Lava jato no Supremo, ministro Edson Fachin, a quem caberá decidir quais inquéritos irá autorizar e se levantará o sigilo dos acordos.