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Líder de caminhoneiros diz que produtores rurais promoveram bloqueio de rodovias

Confederação da Agricultura desconversa e prevê 'danos irreparáveis à economia da produção'

Brasil|Fernando Mellis, do R7

Algumas cidades já enfrentam problemas de desabastecimento devido ao protesto dos caminhoneiros
Algumas cidades já enfrentam problemas de desabastecimento devido ao protesto dos caminhoneiros Algumas cidades já enfrentam problemas de desabastecimento devido ao protesto dos caminhoneiros

A paralisação de caminhoneiros que bloqueia estradas em todo o País desde semana passada virou um jogo de empurra. Sem liderança definida, a manifestação contra a alta do preço do diesel se transformou em um problema que já afeta a economia de diversas regiões.

Nesta quarta-feira (25), em entrevista ao R7, o presidente do MUBC (Movimento União Brasil Caminhoneiro), Nélio Botelho, disse que a iniciativa partiu de produtores agrícolas.

— Essas manifestações não são originárias dos caminhoneiros. Isso é promovido e organizado pelos produtores rurais do País. Quando eles decidiram fazer essas mobilizações, pediram o apoio dos caminhoneiros aos diversos sindicatos agregados e filiados ao Movimento União Brasil Caminhoneiro. A orientação que nós demos foi de que nós apoiaríamos qualquer mobilização da melhor forma possível. Eles, inclusive, colocaram tratores e máquinas nas rodovias e começaram a convencer os caminhoneiros a pararem.

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O MUBC representa cerca de 1,2 milhão de caminhoneiros e, em 2013, foi responsável por uma onda de paralisações semelhante. Segundo Botelho, a ideia começou a ser posta em prática em Mato Grosso e se espalhou para Estados do Sul, Sudeste e demais regiões do País.

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— Com a safra em plena colheita, os grandes produtores, principalmente de grãos, já têm a produção toda vendida para o exterior, com preços já definidos. Como o transporte é quase todo de caminhão, e aí entra o diesel, isso pesa nos custos deles.

Belquer da Silva Lopes, presidente do Sindicato Rural de Tupancrietã, Jari e Quevedos — que representa a região que mais produz grãos no Rio Grande do Sul —, admite que alguns agricultores colocaram máquinas, mas nega que tenham sido os idealizadores da paralisação.

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— Eles vieram nos pedir apoio. Os produtores estão apoiando o movimento, estão participando, botando máquinas. Mas, em conjunto, negociando para que liberem a passagem de algumas cargas, principalmente os perecíveis e ração.

Em Sorriso (MT), maior produtor de soja do Brasil, o presidente do Sindicato Rural, Laércio Lenz, diz desconhecer qualquer envolvimento dos fazendeiros.

— O que eu posso falar é que o produtor está com vontade de se envolver também. Só não pode porque está colhendo. Nós só não podemos pagar uma conta que não é nossa. Quem deu o rombo na Petrobras não foi o produtor rural.

Segundo ele, a principal dificuldade no momento é o combustível para as máquinas que fazem a colheita dos grãos. Assim como no Rio Grande do Sul, há conversas constantes com os manifestantes na tentativa de liberar alguns caminhões nos quatro bloqueios que havia hoje na BR-163.

A CNA (Confederação Nacional da Agricultura) emitiu uma nota oficial por meio meio da qual demonstrou "apreensão" com a greve e disse que "o alcance desse movimento já estão provocando graves perturbações nas cadeias produtivas do agronegócio". 

A confederação afirmou ainda que "na ausência de uma rápida solução para o conflito, teremos danos irreparáveis à economia da produção, com reflexos severos na vida de toda a população brasileira". 

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Queixa

A principal reivindicação da categoria é de que o governo revise a alta do preço do diesel (R$ 0,15 por litro). Mas eles também pedem aumento na remuneração do frete. Ontem, em Brasília, representantes dos caminhoneiros se reuniram com o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Miguel Rossetto; com o ministro dos Transportes, Antônio Carlos Rodrigues; e com o secretário-executivo do Ministério da Justiça, Marivaldo Pereira.

Ao fim do encontro, Rossetto anunciou que o governo não pretende reduzir o preço do diesel. Porém, cogitou que seja criada uma nova fórmula para o valor do frete. A partir das 14h, caminhoneiros devem voltar a se reunir com integrantes do governo no Ministério dos Transportes para uma mesa de negociação.

Bloqueios

Na manhã de hoje, a PRF (Polícia Rodoviária Federal) registrava 99 pontos de bloqueio em dez Estados. As estradas do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina continuam as mais afetadas. A Justiça já concedeu liminar para que os caminhoneiros liberem as rodovias no RS, MG, BA, SP, MS e PR. Devido às interdições, já há cidades no interior, principalmente na região Sul, que sofrem com o desabastecimento de combustíveis.

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