MPF: Eike repassou US$ 16,5 milhões a Cabral após falsa venda de mina de ouro
Empresário usou conta no Panamá para repassar grana a ex-governador por banco no Uruguai
Brasil|Do R7
Procurado pela PF (Polícia Federal) no âmbito da Operação Eficiência, desdobramento da Lava Jato, o empresário Eike Batista é acusado pelo MPF (Ministério Público Federal) de ter disfarçado um repasse de US$ 16,5 milhões de propina ao ex-governador do Rio de Janeiro Sergio Cabral após a falsa venda de uma mina de ouro.
Dono do Grupo EBX, Eike Batista e seu braço-direito, o advogado Flávio Godinho, usou a conta Golden Rock no TAG Bank, no Panamá, para repassar o dinheiro para um banco no Uruguai — terceiros ligados a Cabral seriam os donos desta conta.
O MPF explicou que o valor foi solicitado por Sérgio Cabral a Eike Batista em 2010.
Para dar aparência de legalidade à operação, um contrato de fachada entre a empresa Centennial Asset Mining Fuind Llc, holding de Batista, e a empresa Arcadia Associados, foi fechado em 2011.
O objeto do acordo, segundo os procuradores federais, foi uma falsa intermediação na compra e venda de uma mina de ouro.
Eike Batista, Godinho e Cabral também são suspeitos de terem cometido atos de obstrução da investigação.
Em uma busca e apreensão em endereço ligado a Eike em 2015, foram apreendidos extratos que comprovavam a transferência dos valores ilícitos da conta Golden Rock para a empresa Arcádia.
Na oportunidade, os três investigados orientaram os donos da Arcadia a manterem perante as autoridades a versão de que o contrato de intermediação seria verdadeiro.
Para os procuradores federais, “Eike Batista utiliza a simulação de negócios jurídicos para o pagamento e posterior ocultação de valores ilícitos, o que comprova a necessidade da sua prisão para a garantia da ordem pública”.
Operação Eficiência
Iniciada a partir de colaborações premiadas, a investigação se concentra no ex-governador do Rio de Janeiro Sergio Cabral (PMDB), líder do esquema, conforme o MPF, e aponta para crimes de corrupção ativa, corrupção passiva, organização criminosa e lavagem de dinheiro por causa da ocultação de aproximadamente US$ 100 milhões (cerca de R$ 340 milhões) em contas no exterior — boa parte dos valores já foi repatriada.