'Não desminto nem confirmo', diz advogado de Youssef sobre denúncia de revista
Reportagem da Veja afirma que Lula e Dilma sabiam de corrupção na Petrobras
Brasil|Do R7
O advogado do doleiro Alberto Youssef, Antonio Figueiredo Basto, afirmou nesta sexta-feira, 24, em entrevista exclusiva ao Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, que não iria se pronunciar sobre o conteúdo do vazamento de parte do depoimento de seu cliente. Ele também repudiou o uso político do material nesta reta final da eleição.
Reportagem publicada nesta sexta-feira pela revista Veja afirma que Youssef acusou, em depoimento na última terça-feira (21) à Polícia Federal, em Curitiba (PR), a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sabiam do esquema de corrupção na Petrobras.
— Eu não desminto nem confirmo esta matéria porque se trata de um procedimento sigiloso. Não posso confirmar nem dizer que é verdade ou mentira. [...] E também não concordamos com o uso político dessa investigação.
O advogado de Youssef disse não ter tido acesso ao material da revista e explicou que designou um integrante do seu escritório para acompanhar o processo de delação premiada que o doleiro está faz desde o dia 29 de setembro. Basto defendeu que se investigue o vazamento de parte do depoimento do seu cliente.
Ele disse que pretende se reunir com o grupo de procuradores que conduz as investigações da Operação Lava Jato para ver uma forma de evitar a divulgação de partes do processo de delação.
Para o defensor, a divulgação dos fatos "atinge pessoas e dá direito de impugnação" da delação premiada - ele ainda não homologou o acordo de colaboração com a Justiça, que poderá reduzir a pena do seu cliente.
— Para mim, é um vazamento que tem que ser investigado. Não sei quem vazou e com qual intenção: o ambiente é muito tumultuado. Acho que é hora dessas coisas serem tratadas com mais cuidado.
Apesar do clima de tensão, Basto afirmou que não acredita que seu cliente seja alvo de retaliação pelas supostas declarações.
— Em nenhum momento, a gente se sentiu ameaçado. Se houver [ameaça], a gente vai acionar a Polícia Federal.
O advogado ressaltou que o doleiro não vai depor à CPI mista da Petrobras, mesmo com a convocação já marcada para a próxima quarta-feira (29) pelo presidente da comissão, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB).
— Dentro da jurisprudência e da orientação do Ministério Público Federal, do procurador-geral da República [Rodrigo Janot] e do ministro-relator [Teori Zavascki], nós entendemos que ele não vai depor publicamente. [...] Vai se gastar R$ 200 mil reais para nada.
"Vamos manter a posição de tentar evitar a ida dele na quarta-feira. Evidentemente vamos dentro do possível tentar evitar que ele passe por algum processo de humilhação por algum parlamentar que venha a faltar com o decoro", completou ele, referindo-se ao fato de o ex-diretor de abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, que também esteve na CPI no mês passado, ter ficado calado, mas ainda assim alvo de ataques pelos parlamentares.
O advogado, que está em São Paulo hoje, disse que vai se reunir na segunda-feira com o presidente e o relator da CPI, deputado Marco Maia (PT-RS), para tratar do depoimento de Youssef. Vital ainda não decidiu se vai desmarcar ou não o depoimento dele, motivo de pressão dos oposicionistas há pelo menos duas semanas.