Nova fase da Lava Jato “reabre” caso de assassinato do ex-prefeito Celso Daniel
Preso na 27ª etapa pode ter recebido R$ 6 milhões para se calar sobre assassinato em 2002
Brasil|Do R7
A 27ª fase da Operação Lava Jato, iniciada nesta sexta-feira (1º), poderá reabrir a investigação sobre a morte do ex-prefeito de Santo André (SP) e então coordenador da campanha eleitoral de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência em 2002, Celso Daniel (PT).
O alvo da investigação é um empréstimo fraudulento de R$ 12 milhões junto ao Banco Schahin de 2004. Parte desta soma — R$ 6 milhões — teriam ido para o empresário Ronan Maria Pinto, preso hoje por agentes federais.
De acordo com as investigações da PF, o empresário de Santo André teria recebido a soma em troca do seu silêncio sobre nomes de pessoas envolvidas com a morte do então prefeito da cidade Celso Daniel (PT) — ele estava em seu terceiro mandato.
PF inicia a 27ª fase da Lava Jato e prende ex-secretário do PT
O envio do dinheiro ao empresário da Grande São Paulo já havia sido citado pela força-tarefa da Lava Jato, em novembro de 2015, quando pediu a prisão do pecuarista José Carlos Bumlai — amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Na ocasião, os investigadores da Lava Jato mencionaram o publicitário Marcos Valério — condenado no mensalão a 37 anos de cadeia. Em 2012, Valério tentara fechar um acordo de delação premiada com a Justiça a fim de reduzir a sua pena, mas o acordo fracassou.
Naquela época, Valério afirmou que o pecuarista teria repassado dinheiro a um empresário de Santo André para evitar que ele revelasse os nomes dos envolvidos com a morte de Daniel.
Segundo o publicitário, esses recursos serviriam para o empresário parar de chantagear o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o então secretário da Presidência Gilberto Carvalho e o então ministro da Casa Civil José Dirceu.
A morte do ex-prefeito Celso Daniel está ligada a um suposto esquema de corrupção que envolvia empresas de ônibus em Santo André. Um grupo de empresários do setor pagaria uma espécie de “mesada” para a Prefeitura a fim de evitar multas e o fechamento das empresas.
Daniel teria descoberto o esquema e mandou instaurar uma sindicância para apurar o caso. Após seu assassinato, sete pessoas ligadas ao caso tiveram mortes misteriosas.