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Oposição está “vendendo terreno na Lua”, diz Dilma

Presidente afirmou que grupo pró-impeachment só atende um lado do País

Brasil|Do R7

Dilma fala sobre os motivos que levaram ao impeachment
Dilma fala sobre os motivos que levaram ao impeachment Dilma fala sobre os motivos que levaram ao impeachment

Em entrevista a jornalistas estrangeiros, na manhã desta terça-feira (19), a presidente Dilma Rousseff tentou explicar os motivos da crise política atual, na visão do governo. Voltou a se dizer vítima de uma injustiça e disse que o Brasil tem um "veio golpista adormecido".

Ao se referir sobre a continuidade dos programas sociais, algo que o vice-presidente Michel Temer já teria se comprometido a não manter, ela alfinetou a ala pró-impeachment. 

— Os que estão golpeando atendem só a um lado do País e estão vendendo terreno na Lua.

Ela atribuiu à oposição a responsabilidade pelo cenário atual.

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— Está acontecendo essa crise porque houve uma eleição vencida por uma margem estreita. Essa eleição tornou no Brasil a oposição derrotada bastante reativa a essa vitória e com isso começaram um processo de desestabilização do meu mandato desde o início dele. Este meu segundo mandato tem o signo da desestabilização política.

Como justificativa, Dilma disse que a oposição não teve sucesso ao pedir a recontagem de votos, a auditoria das urnas eletrônicas e o pedido de impedimento da diplomação dela no TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

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— Na sequência, ocorreu algo no Brasil bastante lamentável, foi o fato de que práticas absolutamente condenáveis, principalmente aquelas representadas pelo atual presidente da Câmara [Eduardo Cunha] ganharam uma força razoável, na medida em que ele se tornou presidente da Câmara. Isso se expressou nas pautas-bomba, que era a aceitação de medidas populistas que inviabilizavam, na pratica, a rigidez fiscal, a responsabilidade fiscal, a robustez fiscal do País. [...] Toda a pauta-bomba resultou em torno de uns R$ 140 bilhões [de rombo].

Dilma se diz “injustiçada” e afirma que teve sonhos e direitos “torturados”

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Dilma argumentou que o processo de impeachment tem sido conduzido com “meias verdades”.

— É aquela parte da verdade que é mentira. Ela consiste em tentar induzir, sem dizer as reais implicações daquele ato. Por exemplo, o impeachment é previsto na Constituição. O resto é que é necessário que haja crime de responsabilidade com base jurídica para processar um presidente da República. [...] Eu me sinto injustiçada e acho grave é o fato de que tentam sempre diminuir essa exigência, que é da base legal para tornar e propor e buscar o impedimento de um presidente da República. É um golpe porque está revestido de um pecado original, que é: não tem base legal para o meu impeachment.

Os partidários pró-impeachment foram descritos pela presidente como “um grupo que de outra forma não teria acesso [ao poder] pelo único meio justificável, que é o voto da população brasileira”.

— Esse processo não vai trazer a estabilidade política ao País, porque rompe a base da democracia. Eu acredito que sem democracia, o Brasil não se transforma. Eu acredito que nós não recuperamos a capacidade de retomar o crescimento. [...] É preciso estabilidade política. Não é justo que o País passe por 15 meses, sistematicamente, tendo aqueles que não chegam ao poder pelas formas previstas na democracia, tentando encurtamentos de caminho, que instabilizam o País, que inviabilizam a retomada econômica.

Dilma disse ter certeza de que não houve um único presidente depois da redemocratização do Brasil que não enfrentou processo de impeachment no Congresso e lembrou que ela não pode ser julgada pela crise econômica do País.

— Estou sendo vítima de um processo baseado em uma flagrante injustiça e fraude jurídica e política e, ao mesmo tempo, de um golpe. O Brasil tem um veio golpista adormecido.

A presidente voltou a defender uma “repactuação democrática”, algo que o governo já havia cogitado propor, caso o impeachment não passasse na Câmara.

— Nós temos todas as condições de retomar não só a estabilidade política, mas também a econômica.

Bolsonaro

Dilma também foi questionada sobre o discurso do deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) durante a votação do impeachment.

— Eu acho lamentável. Eu, de fato, fui presa nos anos 70. Eu conheci bem esse senhor ao qual ele se refere [coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra]. Foi um dos maiores torturadores do Brasil. Sobre ele recai não só a acusação de tortura, mas a acusação de morte. Eu lastimo que esse momento no Brasil tenha dado abertura para intolerância, para o ódio, para esse tipo de fala.

Ela acrescentou que o momento de “aventura golpista” trouxe um clima até então não conhecido no País.

— [A disputa política] levou a uma situação que nós não vivíamos no Brasil, que é de raiva, de ódio, de perseguição.

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