Para Planalto, fala de Dilma não muda placar
Interlocutores de Temer afirmaram que discurso não comoveu e foi "fraco politicamente"
Brasil|Do R7
Na avaliação de interlocutores do presidente em exercício Michel Temer, o discurso da presidente afastada Dilma Rousseff na manhã desta segunda-feira (29), no Senado "foi fraco politicamente", "não passou a emoção que prometeu" e "não muda nada no placar". O governo continua contabilizando pelo menos 59 votos pela cassação do mandato de Dilma.
O presidente interino Michel Temer acompanhou o discurso da petista no Palácio do Jaburu, acompanhado do ministro da Casa Civil Eliseu Padilha. Ainda cedo, chegaram à residência oficial de Temer os ministros da Secretaria Geral, Geddel Vieira Lima, o interino do Planejamento, Dyogo Oliveira, e o presidente do TCU (Tribunal de Contas da União), Aroldo Cedraz.
O governo está avaliando ainda, no entanto, se irá ou não responder às acusações de Dilma a Temer e à sua administração durante seu discurso.
A ideia inicial é não rechaçar para não polemizar com a presidente afastada e "não criar marola". Mas, se optar por fazê-lo, a resposta não virá por Temer, mas por algum ministro ou auxiliar direto do presidente interino.
— O presidente Temer não vai bater boca com ela.
Auxiliares do presidente em exercício avaliam que a fala de Dilma não teve novidades, segundo o assessor do Palácio do Planalto.
— Foi mais do mesmo e mostrou que ela não conseguiu mudar nada.
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Para eles, após o discurso a presidente afastada voltou a mostrar nas respostas aos congressistas a sua "crônica incapacidade de verbalizar e construir suas ideias". Por fim, todos se dizem convencidos de que os votos computados anteriormente estão "totalmente preservados".
Acredita-se que Dilma foi dura com os parlamentares e chegou até mesmo a responsabilizá-los por ter inviabilizado seu governo, com a colocação de pautas-bomba em votação, mas não fez o mea-culpa que alguns esperavam para tentar sensibilizar os senadores.
Para vários auxiliares de Temer, a presidente afastada queria mesmo era fazer um discurso "para a história" e para ficar registrado nos "inúmeros documentários que estão sendo feitos" sobre a vida dela.
Sessão
Uma preocupação ainda presente é com o tempo que irá durar a sessão no Senado e quando a votação final do impeachment será realizada. Temer tem pressa no finalização dos trabalhos porque quer viajar para China o quanto antes, para participar da reunião do G-20.
No último domingo (28), o presidente interino, recebeu o senador Roberto Rocha (PSB-MA), que não quer declarar seu voto, e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Na conversa com Temer, Renan teria dito que a sua previsão é de que o processo pode ser concluído até a terça-feira (30). O governo pondera, porém, que este prazo não é certeiro, dada a quantidade de senadores inscritos para falar.