Patriarca da Odebrecht diz que caixa 2 reinou no País e avisa: existe desde “a época do meu pai”
Emílio Odebrecht depôs hoje a Sérgio Moro como testemunha de defesa do filho Marcelo
Brasil|Marc Sousa, da RecordTV em Curitiba (PR)
O patriarca da Odebrecht e presidente do Conselho de Administração da empreiteira, Emílio Odebrecht, afirmou nesta segunda-feira (13) em depoimento ao juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba (PR), que o caixa dois nas campanhas político-eleitorais “sempre foi modelo reinante” e avisou que existe faz tempo.
O depoimento é sigiloso, mas a reportagem do R7 teve acesso a algumas partes. Questionado por Moro se a sistemática eventual de pagamento de recursos não contabilizados já ocorria antes da participação de Marcelo Odebrecht no âmbito da administração de empresas do grupo, Emílio foi claro.
— Existia isso [caixa dois] e sempre foi modelo reinante no país, e que veio até recentemente. O que houve impedimento foi a partir de 2014, 2015 [...], mas até então sempre existiu, desde a minha época, da época de meu pai, da minha Época, e também de Marcelo. Sem dúvida. Todos aqueles que foram executivos do grupo.
Testemunha de defesa do filho Marcelo Odebrecht, preso em junho de 2015 na Operação Lava Jato, Emílio depôs hoje, via videoconferência, da Justiça Federal em São Paulo.
Moro também perguntou se Emílio sabia de um esquema de corrupção que envolvia a Petrobras, mas o empresário afirmou que não tinha conhecimento do caso "em nenhum momento". Também respondeu sobre pagamentos não-contabilizados da Odebrecht: "Sabia que existia recursos não contabilizados".
Palocci
O juiz federal também quis saber se Emílio tinha alguma ligação com o ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci: "Sempre troquei ideias com ele [Palocci], tinha capacidade de conhecer a política, homem de visão estadista, trocava muitas ideias. [...] Comigo ele não solicitou nada".
Questionado se o apelido de Palocci nas plabilhas da Odebrecht era "Italiano", Emílio disse não ter certeza.
— Italiano pode ser também o nosso Palocci, mas todos que tem descendência italiana podem ser também... Não saberia dizer se efetivamente o "Italiano" a que se referem aí... se era o Dr. Palocci. Com certeza também era.
Em 19 de junho de 2015, Marcelo Odebrecht foi preso durante a 14ª fase da Lava Jato. Batizada de "Erga Omnes", que em latim significa "vale para todos", a operação capturou não apenas o então presidente da empreiteira, mas executivos ligados à cúpula da empresa.