A eleição de Severino Cavalcanti à Presidência da Câmara em 2005 poderá ser determinante na mudança da ordem de votação do impeachment da presidente Dilma Rousseffno próximo domingo (17). O deputado Rubens Pereira Junior (PCdoB-MA) protocolou nesta quinta-feira (14) um mandado de segurança no STF (Supremo Tribunal Federal) contra a ordem de votação definida pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que resolveu chamar os parlamentares pelo nome dos Estados do Sul em direção ao Norte. Pereira Júnior alega que a eleição de Severino Cavalcanti para comandar a Câmara em 2005 - ele renunciaria no mesmo ano, após acusação de receber um "mensalinho" para prorrogar a concessão de um restaurante na Casa - foi secreta e, portanto, não pode ser computada na lista de Eduardo Cunha. — Em 1998, quando Michel Temer era o presidente da Câmara, começou do Norte para o Sul. Em 2001, quando o presidente era Aécio Neves, começou do Sul para o Norte. Esta é a terceira votação. Consequentemente, tem que ser do Norte para o Sul. O que a Mesa fez? A Mesa reconhece uma votação de 14 de fevereiro de 2005 como sendo a terceira, mas essa votação diz respeito à eleição da Mesa que elegeu na época Severino Cavalcanti e toda eleição da mesa se dá única e exclusivamente por votação secreta. Pereira Junior alega que "não existe eleição da mesa por votação nominal" e, portanto, "o presidente Eduardo Cunha não pode contar esta de 2005". — Se ele entender que se conta a votação de 2005, ela tem que ser contada duas vezes porque, em 2005, nós tivemos dois turnos na eleição que elegeu Severino Cavalcanti. Portanto, se seguir o Regimento, a ordem de votação é do Norte para o Sul. Se seguir o rito de 1992, a ordem é alfabética. Em nenhum caso, aceitaremos a ilegalidade inventada pelo presidente Eduardo Cunha. O deputado do PCdoB disse ainda que o partido não quer emperrar a votação do impeachment no domingo, apenas legitimar a ordem de escolha dos deputados. — Não pedimos a suspensão do impeachment, pedimos apenas para afastar as ilegalidades do presidente Eduardo Cunha. Nós desejamos que a votação seja no domingo e temos segurança política desta decisão. O presidente pode muita coisa, mas não pode tudo. Confiamos que o Supremo Tribunal Federal vai intervir porque esta não é uma questão interna corporis, é uma questão de natureza constitucional, como o Supremo já decidiu em outras ocasiões.Governo trabalha para evitar "7 a 1"; PMDB estranha silêncio de LulaCunha balançado De acordo com o deputado do PCdoB, Cunha já teria admitido em sua consciência que a decisão de começar a chamar os deputados do Sul para o Norte é ilegal. — Ontem, ele disse que, por segurança jurídica, ele iria seguir o ritmo das votações adotado em 1998 e 2001. [...] Como ele está convencido de que a votação deve ser do Norte para o Sul, agora ele muda e assinala que fará de forma alternada. É mais uma manobra dele. Ele está convencido de que esta votação, de acordo com o Regimento, do Norte para o Sul ou, de acordo com 1992, tem que ser adotada a ordem alfabética. O mandado de segurança impetrado por nós hoje, que nem relator tem ainda, já causou efeitos psicológicos em Eduardo Cunha, então ele já pode rever a decisão porque ilegalidade não vai imperar aqui.