PF investiga "intenção de fuga" após Eike Batista deixar Brasil com passaporte alemão
Empresário partiu em voo da American Airlines para Nova York, mas paradeiro é desconhecido
Brasil|Do R7
A PF (Polícia Federal) acredita que o empresário Eike Batista usou um passaporte alemão para sair do Brasil, na última terça-feira (24), em um voo entre o Rio de Janeiro e Nova York, nos Estados Unidos. O paradeiro do empresário, porém, ainda é desconhecido da PF e, por isso, ele é considerado foragido. A mãe de Eike é alemã, o que explica o passaporte daquela nacionalidade.
Eike é alvo nesta quinta-feira (26) da Operação Eficiência, um desdobramento da Calicute e da Lava Jato no Rio de Janeiro. Diante da sequência de fatos, existe possibilidade de Eike ter tomado conhecimento da Operação Eficiência com antecedência e, eventualmente, ter "intenção de fuga", segundo a PF.
Cuidadoso ao tratar do tema, o delegado federal Tássio Muzzi afirmou que se Eike não se apresentar imediatamente, seu nome será incluído na lista permanente de foragidos da Interpol. Muzzi disse que "não havia prévio conhecimento [da viagem] e que estava-se acompanhando a movimentação" de Eike.
— Na madrugada de hoje, chegou ao conhecimento que [Eike] poderia ter saído do país. A PF está em contato com a Interpol para verificar se chegou a Nova York. Essa informação não foi confimada ainda no âmbito de cooperação policial. Há a informação de que ele possa ter saído com passaporte alemão e [...] ainda não foi informado o país em que estaria, estamos esperando esse contato. Se ele não fizer contato, vai ser feita a difusão vermelha [procurados da Interpol].
Eike usou mina de ouro para disfarçar propina
De acordo com a PF, Eike teria viajado na última terça-feira, dia 24, na parte da noite no voo 974 da American Airlines do Rio de Janeiro para Nova York. Ainda não há a confirmação ainda que ele está nos Estados Unidos.
Os nove mandados de prisão preventiva, quatro de condução coercitiva e 22 de busca e apreensão da Operação Eficiência foram expedidos pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, no dia 13 de janeiro. Por isso, os procuradores e a PF foram questionados porque a ação foi deflagrada nesta quinta-feira, duas semanas depois.
O delegado federal explicou que "os investigados foram sendo acompanhados" ao longo desse tempo. Porém, diz o delegado da PF, "até ontem a tarde, não havia essa informação" sobre a possibilidade de eles saírem do País.
— Na madrugada de hoje veio essa informação. Como havia novas prisões, não seria viável aguardar [Eike voltar ao País para deflagrar a operação]. Não se pode afirmar categoricamente que houve intenção de fuga ou não. Isso está sendo levantando, porque há uma prisão preventiva em desfavor desse investigado, mas havia a necessidade de continuar [a Operação Eficiência].
O advogado de Eike Batista, Fernando Martins, informou que seu cliente está em Nova York, nos Estados Unidos, onde participa de reuniões de negócios. O defensor disse que o empresário tem a intenção de "cooperar" com a PF e o MPF e "retornar o mais rápido possível" ao Brasil.
Volta ao Brasil e cadeia
O advogado de Eike Batista informou hoje mais cedo que seu cliente se entregaria às autoridades brasileiras, o que não ocorreu até o início da tarde desta quinta-feira. "Não havendo contato em prazo curtíssimo, [Eike] será sim tratado foragido", explicou o delegado federal. Como está fora do País, Eike deveria procurar imediatamente um voo de retorno ao Brasil e se apresentar à PF.
Muzzi não soube informar para qual presídio Eike Batista será levado, o que fica a cargo da SEAP (Secretaria de Estado de Administração Penitenciária).
— A PF encaminha para o sistema e é lá que é feita a alocação do preso. A gente não tem ingerência sobre qual é o presídio, isso será determinado no momento em que ele for encarcerado.
Apesar de ter estudado engenharia na Alemanha, Eike Batista não terminou a faculdade e, portanto, não tem cursos superior — conforme conta na sua biografia "O X da questão", escrita pelo jornalista Roberto D'Ávila. Sem diploma, o empresário poderá ir para uma cela com presos comuns quando for preso no Brasil.