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Relator apresenta parecer favorável ao impeachment de Dilma Rousseff

Anastasia (PSDB-MG) deve ler hoje relatório que será votado na Comissão do Impeachment

Brasil|Do R7, com agências

José Eduardo Cardozo (esq.), advogado da presidente Dilma, conversa com o relator Antonio Anastasia
José Eduardo Cardozo (esq.), advogado da presidente Dilma, conversa com o relator Antonio Anastasia José Eduardo Cardozo (esq.), advogado da presidente Dilma, conversa com o relator Antonio Anastasia

O senador Antonio Anastasia (PSDB-MG), relator da Comissão Especial do Impeachment, apresentou nesta terça-feira (2) um parecer favorável à continuidade do processo, dando mais um passo para o afastamento definitivo da presidente Dilma Rousseff.

O relatório de Anastasia, que deve ser votado pela comissão na próxima quinta-feira (4), admite a chamada “pronúncia” de Dilma Rousseff, apontando a existência de elementos suficientes para levá-la a julgamento.

O destino de Dilma pode ser resolvido ainda em agosto. Após o parecer ser votado na comissão, se aprovado, precisará ainda ser submetido à votação no plenário, em sessão que já será presidida pelo presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Ricardo Lewandovski, prevista para acontecer na próxima terça-feira (9). Nesta fase é necessária metade dos votos dos senadores, o que levaria o processo ao julgamento final.

Já na última etapa, também presidida por Lewandovski, ocorre o julgamento propriamente dito, com a apresentação de argumentos da acusação e da defesa. Se 2/3 dos senadores decidirem pela cassação, Dilma perde o mandato e fica inelegível pelo período de oito anos.

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A comissão retomou seus trabalhos pouco depois das 12h de hoje. Segundo o parecer de Anastasia — que começou a ser lido por volta das 14h —, a presidente abriu créditos suplementares sem autorização do Congresso Nacional e fez operações de crédito com instituição financeira controlada pela União (as chamadas pedaladas fiscais).

"Instaurou-se um vale-tudo orçamentário e fiscal que trouxe sérias consequências negativas para o País", argumenta Anastasia na conclusão de seu parecer. O relator defende ainda que o processo não trata dos índices de impopularidade ou rejeição pública da presidente, tampouco de uma revisão biográfica da presidente, mas tão somente das questões técnicas fiscais.

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Antes da leitura da íntegra do relatório, que tem 441 páginas, senadores que apoiam Dilma Rousseff tentaram obstruir a sessão com apresentação de diversos requerimentos e questões de ordem e, com isso, adiar a leitura.

Um dos requerimentos pede que o procurador da República no Distrito Federal Ivan Cláudio Marx seja ouvido. Ele recomendou o arquivamento parcial de um processo que investiga se houve prática de crime de responsabilidade no atraso de pagamento da União ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Para Marx, não existiram as chamadas "pedaladas fiscais".

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As pedaladas foram atrasos no repasse de recursos para bancos públicos bancarem obrigações do governo com programas sociais e empréstimos subsidiados. Com isso, os saldos das contas desses programas ficaram negativos nas instituições, que tiveram que cobrir os gastos com o dinheiro depositado pelos correntistas. Para o TCU (Tribunal de Contas da União), esses atrasos configuraram empréstimos ilegais entre os bancos e seu controlador, a União, porque não foram autorizados pelo Legislativo. Para o MPF, contudo, a operação não representa empréstimos ilegais.

Apesar disso, o procurador afirmou que os atrasos nos repasses tinham o objetivo de melhorar artificialmente as contas públicas em período eleitoral, configurando, assim, uma improbidade administrativa. “Todos os atos seguiram o único objetivo de maquiar as estatísticas fiscais, utilizando-se para tanto do abuso do poder controlador por parte da União e do 'drible' nas estatísticas do Banco Central”, escreveu o procurador em seu despacho, do dia 14 de julho, no qual pede o arquivamento parcial do Procedimento Investigatório Criminal (PIC) que apurava a existência de crime na chamada “pedalada fiscal”.

Reunião Longa

Na fase de admissibilidade do processo no Senado, a leitura do relatório de Anastasia durou quase três horas. Desta vez, a expectativa é de que a leitura demore ainda mais já que o documento é, segundo o relator, mais consistente.

De acordo com o calendário da comissão, durante a reunião de hoje, será feita apenas a leitura do relatório. Ao final será dado automaticamente prazo para vistas do documento, ou seja, mais tempo para que seja analisado pelos senadores antes da discussão do conteúdo nesta quarta-feira (3), a partir das 11h.

Na quinta-feira (4), no mesmo horário, os senadores do colegiado votarão o parecer de Anastasia pelo prosseguimento do processo. Independentemente do resultado na comissão, a palavra final sobre a segunda fase será dada no dia 9, durante a votação no plenário.

Voto em separado

Parlamentares de partidos contrários ao impeachment de Dilma Rousseff (PT, PDT, Pcdo B e Rede) vão apresentar um voto em separado defendendo a petista e rebatendo os argumentos de Anastasia.

O documento irá sustentar que Dilma não cometeu crime de responsabilidade e faz um retrospecto das circunstâncias que provocaram o afastamento da presidenta do cargo. No voto, o grupo voltará a citar nomes do PMDB, como o do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e da oposição para desqualificar a acusação de crime de responsabilidade e reforçar a tese de que o julgamento que está se fazendo é meramente político.

Outro ponto destacará que o relator do processo deveria descartar de pronto as chamadas pedaladas, seguindo a recomendação do Ministério Público Federal de que não houve operação de crédito. No que diz respeito aos decretos com créditos suplementares, os defensores de Dilma argumentam que instrumentos idênticos a esses foram assinados pelo vice-presidente da República e por presidentes anteriores.

O voto em separado é apresentado quando não há concordância de algum parlamentar com o relatório oficial — no entanto, o documento só é lido e votado caso o documento principal seja rejeitado, o que não deve ocorrer.

Mesmo assim, sob o argumento de garantir amplo direito de defesa de Dilma, o presidente do colegiado, senador Raimundo Lira (PMDB-PB), vai permitir que um resumo desse voto seja lido ainda na reunião de hoje, logo após a apresentação do voto de Anastasia.

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