Relator da CPI do Cachoeira reconhece: foi uma pizza geral

Depois de quase oito meses de investigações, a CPI do Cachoeira foi encerrada nesta terça-feira (18) sem nenhuma conclusão. Os parlamentares aprovaram, por 21 votos a favor e sete contra, o relatório alternativo do deputado Luiz Pittiman (PMDB-DF), que não pede o indiciamento de ninguém.

O documento, que tem uma página e meia, somente define que toda a investigação da CPI, todos os dados sigilosos referentes à quebra de sigilos bancários, fiscais e telefônicos, serão encaminhados à PF (Polícia Federal) para que o órgão dê continuidade ao trabalho de apuração.

Originalmente, Pittiman também sugeria que uma comissão fosse criada no Congresso Nacional para acompanhar os trabalhos dos órgãos investigativos. Mas esse trecho do texto foi retirado, com o argumento de que não cabe à CPI sugerir o que deve ser feito depois de encerrada as investigações.

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“Pizza geral”

O relator da CPI do Cachoeira, deputado Odair Cunha (PT-MG), admitiu que a comissão terminou em “pizza geral”. O relatório dele foi rejeitado pela comissão por 18 votos contra e 16 a favor e o parlamentar se mostrou frustrado com o resultado.

— As conclusões aqui são um nada, um vazio, uma pizza geral. Lamentável.

Antes de ter o relatório apreciado, ele tentou chegar a um consenso, anunciando a retirada de mais nomes da lista de indiciados do relatório final e desistiu de pedir a investigação do procurador-geral de Justiça de Goiás, Benedito Torres, irmão do senador cassado Demóstenes Torres.

O vereador de Goiânia (GO), Elias Vaz (PSOL), o superintende do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) no DF, Marco Aurélio Bezerra da Rocha, e o empresário Rossine Guimarães também escapariam do indiciamento, pelo relatório de Odair Cunha.

Mas o relator manteve os núcleos centrais dos indiciados, compostos pelo bicheiro, Carlinhos Cachoeira, pelo governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB) e pelo empresário Fernando Cavendish, dono da empreiteira Delta.

Por isso, a oposição manteve o esforço para derrubar o relatório e livrar o governador tucano do indiciamento. O deputado Onyx Lorenzonni (DEM-RS) sugeriu que a manobra também foi articulada para beneficiar Cavendish.

— Só faltam os lencinhos e a champanhe da turma da Delta.

O líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR), também foi irônico ao fazer críticas ao documento aprovado e afirmou que as 5.000 páginas do relatório inicial foram transformadas em uma página e meia por meio de um acordo noturno para enterrar a CPI.

— Em plena festa natalina, esse relatório final é uma presepada!

Mas o relator do documento alternativo acredita que essa era a melhor solução para evitar injustiças. Luiz Pittiman defendeu seu relatório, argumentando que essa é uma forma de não encerrar as investigações.

— Estamos dando toda munição para que a Polícia Federal possa continuar as investigações. Separados do calor político, separados do recesso que nós teremos até o final de janeiro, eles podem ter todas as informações para que haja a continuidade das investigações. O que eu estou pedindo é que não se encerrem essas investigações hoje.

Dados sigilosos

Na prática, a única ação inédita e concreta definida pelo relatório final da CPI do Cachoeira foi o compartilhamento de dados sigilosos da investigação com a PF.

No entanto, antes mesmo de votar os relatórios, a comissão aprovou requerimento determinando o envio de todas as informações sigilosas que receberam durante as investigações para o MPF e para MP-GO (Ministério Público de Goiás).