Senadores em campanha gastam o suficiente para dar 67 voltas no País com passagens aéreas
Apenas 3 dos 36 parlamentares que concorreram no pleito em 2014 se licenciaram do cargo
Brasil|Do R7*
Os senadores que disputaram cargos eletivos nas Eleições 2014 gastaram R$ 247,4 mil da cota parlamentar com passagens aéreas durante a campanha eleitoral (veja arte abaixo). Esse dinheiro é suficiente para fazer 67 viagens de avião ao redor do País, ao custo de R$ 3.664 cada, passando por oito cidades: São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA), Recife (PE), Fortaleza (CE), Manaus (AM), Brasília (DF) e Porto Alegre (RS).
Os dados constam de um levantamento feito pela reportagem do R7 com os 81 senadores em exercício e os três parlamentares que se licenciaram.
A pesquisa considerou o intervalo entre 5 de julho e 5 de outubro, período oficial de campanha eleitoral estipulado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), e os dados foram retirados do portal da Transparência do Senado. No caso das passagens aéreas, a reportagem fez a cotação em 13 de novembro considerando viagens em janeiro.
Dos 36 parlamentares da Casa que concorreram, apenas três se licenciaram do posto para evitar conflitos de interesses — Armando Monteiro (PTB-PE), Eduardo Amorim (PSC-SE) e Alvaro Dias (PSDB-PR).
Para concorrer a um cargo eletivo, os senadores não são obrigados a se licenciar do Parlamento. No entanto, no período eleitoral, precisam se preocupar em não misturar as tarefas parlamentares com as agendas oficiais de campanha.
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A Ceaps (Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar dos Senadores), também conhecida como “cotão”, é uma verba a que os senadores têm direito para custear passagens aéreas, locação de veículos, aluguel de imóveis, compra de material de escritório, táxi, hospedagem, alimentação, consultorias, segurança particular, entre outros.
Dos 36 senadores que disputaram cargos eletivos em 2014, dez se elegeram para governos de Estado, Assembleias Legislativas ou se reelegeram para o Senado — casos de Alvaro Dias (PSDB-PR), Kátia Abreu (PMDB-TO), Acir Gurgacz (PDT-RO), Fernando Collor (PTB-AL) e Maria do Carmo (DEM-SE).
Os senadores Wellington Dias (PT-PI), Pedro Taques (PDT-MT) e Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) venceram a eleição e vão governar Piauí, Mato Grosso e Distrito Federal, respectivamente, a partir de 2015.
Outros três também concorreram, mas não como cabeça de chapa. São eles: Aloysio Nunes Ferreira (PSDB), vice de Aécio Neves na disputa à Presidência; Francisco Dornelles (PP-RJ), vice de Luiz Fernando Pezão no governo do Rio de Janeiro; e Cyro Miranda (suplente de senador).
Gastões
Os 36 parlamentares que se empenharam em campanhas eleitorais em 2014 gastaram, em média, R$ 6.873 com passagens aéreas da cota parlamentar. Catorze senadores gastaram mais que a média.
O líder de gastos com viagens de avião é Vital do Rêgo (PMDB), que disputou o governo da Paraíba e perdeu a disputa. Nos três meses de campanha, ele gastou R$ 37.291. Em segundo lugar, aparece Kátia Abreu (PMDB), reeleita senadora pelo Tocantins, com R$ 18.921 investidos em passagens aéreas.
Completa o ranking Inácio Arruda (PCdoB), que concorreu a uma vaga de deputado federal pelo Ceará e não se elegeu (ficou como suplente). Ele usou R$ 18.359 da cota parlamentar para emitir bilhetes aéreos na campanha eleitoral, segundo os dados da Transparência do Senado.
Por outro lado, nove senadores que disputaram o pleito em 2014 não gastaram um tostão sequer para comprar passagens aéreas. São eles: Fernando Collor (PTB-AL), Maria do Carmo (DEM-SE), Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), Armando Monteiro (PTB-PE), Gim Argello (PTB-DF), Aécio Neves (PSDB-MG), Marcelo Crivella (PRB-RJ), Eduardo Braga (PMDB-AM) e Eunício Oliveira (PMDB-CE).
Resposta
O senador Vital do Rêgo alega que os seus gastos com passagem aérea foram os mais altos porque ele precisava estar todas as semanas em Brasília, independentemente da campanha eleitoral, para participar das sessões da CPI e da CPMI da Petrobras e também das reuniões da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado.
O senador é presidente da CPMI que apura as denúncias de corrupção na Petrobras e também presidiu diversas sessões da CCJ. Em nota, a assessoria de imprensa do parlamentar afirma que ele preferiu cumprir suas obrigações no Senado, mesmo estando em campanha na Paraíba.
Além disso, os assessores de Vital do Rêgo alegam que o senador utilizou o cotão “apenas para o deslocamento obrigatório – e sempre com passagens entre Brasília e a Paraíba" e que “os gastos de Vital estão todos, além de normais, dentro da mais absoluta legalidade exigida pelo Senado Federal”.
*Colaborou Naiara Araújo, estagiária do R7
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