A sessão da CPI do Cachoeira que aconteceu nesta quarta-feira (21) no Senado Federal se transformou em um grande bate-boca entre os parlamentares e terminou sem a leitura do relatório final da comissão. A leitura foi marcada para esta quinta-feira (22), em sessão extraordinária da comissão. A votação, entretanto, deve ficar para a próxima semana.
O relatório do deputado Odair Cunha (PT-MG) tem 5.100 páginas e pede o indiciamento de 46 pessoas, entre elas, do governador de Goiás Marconi Perillo (PSDB-GO). A comissão investiga a relação do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, com agentes públicos e privados.
A sessão desta quarta estava marcada para a leitura do relatório, mas desde o início os parlamentares da oposição acusavam a comissão — que tem em sua maioria integrantes da base do governo — de não ter entregado o texto do relator Odair Cunha (PT-MG) com antecedência aos parlamentares.
O texto foi disponibilizado na página da comissão após a meia-noite, mas os parlamentares só tiveram acesso às cópias impressas após o início da sessão.
Sem acesso ao texto, os parlamentares acusavam a comissão de terminar em pizza, e pediram vista coletiva ao texto. O pedido de vista foi concedido.
Os parlamentares da oposição tentaram mais uma vez prorrogar os trabalhos da comissão, mas o pedido não chegou a ser colocado em votação já que a prorrogação já foi decidida.
A justificativa dos parlamentares é de que, apesar de os trabalhos da comissão ter sido concluídos com a finalização do relatório, o destino de cerca de R$ 550 milhões distribuídos pela empresa Delta para empresas fantasmas não foi investigado.
Após o fim da sessão, o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), disse que o trabalho da comissão vai terminar em pizza.
— Nós já fomos derrotados no pedido de prorrogação e é por isso que estamos indo hoje à Procuradoria. A CPI não quis quebrar o sigilo de 15 empresas fantasmas que receberam dinheiro da Delta. Por isso, na minha avaliação a CPI termina como uma grande pizza com orégano, que foi a soltura, nessa madrugada, de Carlinhos Cachoeira. Eu não acredito que isso tenha sido uma coincidência. Há muita coisa encobrindo a verdade verdadeira.