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R7 Brasília

Em viagem à Colômbia, Lula deve discutir situação da Venezuela com presidente Gustavo Petro

Lula vai ao país vizinho no próximo dia 16; Petro e ele criticaram impedimento de opositora de Maduro nas eleições venezuelanas

Brasília|Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília

Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Gustavo Petro devem discutir a situação política da Venezuela durante a viagem do petista à Colômbia, nos dias 16 e 17. A avaliação de fontes próximas de Lula ouvidas pelo R7 é de que o assunto deve ser abordado pelos presidentes de maneira natural, por se tratar de uma pauta regional e de interesse dos dois.

Na ida do presidente brasileiro à Colômbia, que terá participação do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, a proteção ambiental da Amazônia também deve ser debatida, segundo o governo colombiano. Lula e Vieira serão recebidos pelo chanceler do país vizinho, Luis Gilberto Murillo.

Será a terceira viagem internacional de Lula em 2024 e a segunda ida à Colômbia neste mandato. Ele esteve no país vizinho em julho de 2023 para participar de uma reunião técnica sobre a Amazônia. O encontro foi em Letícia, cidade colombiana que faz divisa com Tabatinga (AM).

Cenário político da Venezuela

Lula e Petro manifestaram preocupação com o atual cenário político na Venezuela. A candidata Corina Yoris, de oposição ao ditador Nicolás Maduro, foi impedida de registrar a candidatura para as próximas eleições do país, marcadas para 28 de julho. Ela é um dos principais nomes para derrotar Maduro.


A líder da oposição na Venezuela, María Corina Machado, que é da mesma coligação de Corina Yoris, agradeceu à reação de Lula e Petro. Ela destacou que os posicionamentos reafirmam que a luta da oposição "é justa e democrática".

Em 28 de março, ao lado do presidente francês, Emmanuel Macron, em Brasília, Lula declarou que a situação na Venezuela é "grave" e que não tem "explicação jurídica nem política". A fala ocorreu depois de um "bate-boca" público entre os governos dos dois países (leia mais abaixo).


"É grave que a candidata não possa ter sido registrada. Ela não foi proibida pela Justiça, parece que tentou usar o computador e não conseguir entrar, isso causou prejuízo à candidatura. Não tem explicação jurídica, política, proibir um adversário de ser candidato. Aqui no Brasil, todo mundo sabe, todos os adversários são tratados nas mesmas condições. Aqui, é proibido proibir, a não ser que tenha restrição judicial", afirmou Lula, ao completar que o Brasil vai observar o processo no país vizinho.

Embate com o Brasil

O prazo de registro de candidaturas para as eleições presidenciais na Venezuela terminou em 25 de março. Horas depois, a Plataforma Unitária Democrática (PUD), coligação que reúne os principais partidos de oposição a Maduro, anunciou que tinha sido impedida de registrar o nome de Corina Yoris para as eleições. Ela foi indicada para substituir María Corina Machado, do mesmo grupo político, proibida de ocupar cargos públicos pela Justiça venezuelana.


Em reação, o Ministério das Relações Exteriores divulgou uma nota, no dia seguinte, e afirmou acompanhar com "expectativa e preocupação" o processo eleitoral na Venezuela.

"O Brasil está pronto para, em conjunto com outros membros da comunidade internacional, cooperar para que o pleito anunciado para 28 de julho constitua um passo firme para que a vida política se normalize e a democracia se fortaleça na Venezuela, país vizinho e amigo do Brasil. O Brasil reitera seu repúdio a quaisquer tipos de sanção que, além de ilegais, apenas contribuem para isolar a Venezuela e aumentar o sofrimento do seu povo", afirmou o Itamaraty.

A Venezuela rebateu o comunicado do Itamaraty, chamou a posição do Brasil de "cinzenta e intrometida" e disse "que parece ter sido ditada pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos".

Ainda segundo a nota venezuelana, o governo do Brasil fez "comentários carregados de profundo desconhecimento e ignorância sobre a realidade política na Venezuela". A declaração exige "o mais estrito respeito pelo princípio da não ingerência nos assuntos internos e na nossa democracia, uma das mais robustas da região".

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