Aceleramos: novo Honda Fit amadurece e deve vender mais que o Civic já este ano
Esportivo por fora, hatch empolga no visual, volta a ter câmbio CVT e segue racional e caro
Carros|Diogo de Oliveira, do R7, em Florianópolis*
Poucos compactos no Brasil gozam do status de carro chique que tem o Honda Fit. Isso fica evidente quando observamos o mercado: mesmo custando R$ 49.900 na versão básica, o monovolume da marca japonesa já vendeu mais que Fiat Punto e Citroën C3 em 2014. É como um Apple iPhone. É reconhecidamente um bom carro, desejado, tem engenharia confiável e é versátil. A Honda sabe disso, mas os planos agora são mais ambiciosos.
A montadora entende que o Fit tem potencial para vender mais e investiu no aspecto que os brasileiros amam: o design. Esta terceira geração tem jeitão de hatch, com linhas menos agudas, mais harmoniosas e esportivas. Os para-choques dianteiros e traseiros, por exemplo, exibem seções que simulam tomadas e saídas de ar nas laterais. E os faróis, agora horizontais, deixaram o monovolume com olhar mais destemido, moderno e provocante.
Câmbio CVT está de volta
Ao mesmo tempo, a Honda fez ajustes na mecânica. Sai de cena o antigo motor 1.4 flex e fica apenas o 1.5, que passa a padrão desde as versões básicas DX e LX — antes só equipava os modelos tops. Com isso, era natural que fosse feita uma reforma. O motor ganhou o sistema Flex-One, que elimina o tanquinho auxiliar de gasolina para a partida nos dias frios, e taxa de compressão maior. Os 116 cv foram mantidos e o torque subiu para 15,3 kgfm.
A maior mudança, porém, é o retorno do câmbio automático CVT (continuamente variável), que trabalha com polias que simulam marchas infinitas — não há uma escala, como na transmissão de cinco marchas do modelo anterior. Só que os câmbios CVT costumam ser mais lentos nas respostas ao pedal do acelerador. Para essa timidez não arranhar o novo visual, a Honda instalou um conversor de torque que transfere de forma mais direta a energia do motor.
Como é dirigir o novo Fit
Refeito "do zero" por fora, o monovolume mudou pouco por dentro. Não espere um painel com visual de Hyundai ou Ford. Os traços seguem o estilo da geração anterior e estão até mais "caretas". Os comandos de ventilação e ar-condicionado, por exemplo, ficam enfileirados na base central do painel — antes, desciam arqueados à direita do volante. O novo rádio/CD tem Bluetooth e USB, mas também decepciona na aparência. Ficou insosso.
A maior decepção é o acabamento. O modelo parece ter ficado ainda mais simples na cabine, em especial na versão LX que testamos — curiosamente, é a que deve vender mais. Seu painel é todo preto e coberto com plástico rígido. Os encaixes são perfeitos, mas não há uma moldura sequer para contar história. Para completar, o quadro de instrumentos regrediu e só fica chique nas versões tops EX e EXL. E o volante é "liso", sem couro e comandos.
Já o espaço interno se mantém amplo e agradável, com ótima ergonomia para o motorista, que se senta de forma mais vertical e tem generosa visibilidade da pista. O aumento do entre-eixos em 3 cm ampliou o vão para pernas no banco traseiro. Mas neste primeiro contato, o que mais chamou a atenção foi o isolamento acústico e o comportamento do câmbio CVT. Antes ruidoso, principalmente nas acelerações mais fortes, o novo Fit éstá notavelmente mais silencioso, é outro carro neste aspecto. E a nova transmissão variável tem influência direta.
Exceto quando se afunda o pedal do acelerador, o novo câmbio CVT faz o 1.5 iVTEC flex-one trabalhar em giros bem baixos. No test-drive pela ilha de Santa Catarina, em Florianópolis, o motor trabalhou a 1.500 giros, em média, nos trechos urbanos. Isso, obviamente, tem impacto direto no silêncio da cabine e no consumo. O computador de bordo marcou 12,2 km/l com etanol no tanque durante o percurso de cerca de 40 km, mostrando-se eficiente. A eficiência, aliás, garantiu ao modelo nota A no Programa de Etiquetagem do Inmtero.
Vai vender mais que o Civic
Da geração anterior, o novo Fit mateve os melhores antributos, seguindo a lógica japonesa. A nova plataforma, por exemplo, segue com a tecnologia de absorção e dispersão de energia em impactos, mas ganhou aços de alta resistência para aumentar a segurança, e ficou cerca de 60 kg mais leve. Em movimento, a nova geração está notavelmente mais estável e preserva o escorregamento lateral em curvas, que evita sustos ao volante.
Aos que apreciam desempenho, o câmbio manual de cinco marchas — que teve a primeira encurtada, e a quinta alongada) pode agradar mais que o CVT, embora este tenha modo Sport (S). O problema do CVT é justamente na hora de pisar mais fundo: os giros sobem a 5.000 e a aceleração progressiva requer um tempo maior de resposta. Ainda assim, vale dizer que, no trânsito urbano e na estrada, em velocidade constante, o CVT é a melhor escolha.
Com todas estas mudanças, o novo Fit chega para vender o que nunca vendeu no Brasil, superando o sedã Civic, beste-seller nacional da marca. No lançamento do modelo, a Honda anunciou que produzirá 48 mil unidades do Fit na unidade de Sumaré (SP) até o fim deste ano. Isso significa que mais de 5.000 unidades devem ser emplacadas a cada mês, colocando o monovolume como o "carro-chefe". A aposta se baseia, obviamente, na fidelização.
E tem mais por vir. A partir de 2015, o novo Fit passará a ser produzido em Itirapina, na nova fábrica que a Honda constrói para montar o monovolume e o jipinho compacto HR-V — o "mini-CR-V" ou "anti-EcoSport". Este estreia no Salão de São Paulo, no fim de outubro, e promete mudar o panorama do segmento de SUVs de entrada. Bem antes disso, estreiam os sedã Civic e City, em julho e setembro, respectivamente, na maior investida da marca no País.
*O jornalista viajou a convite da Honda Automóveis do Brasil.
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