JAC T6 aposta no porte médio e no preço de SUV compacto
Divulgação/JAC MotorsTraseira do SUV chinês lembra a do utilitário de luxo Audi Q3
Divulgação/JAC MotorsFunção 'Mirror Link' espelha a tela do celular no visor do painel
Divulgação/JAC MotorsAcabamento da cabine deve surpreender os mais céticos, com encaixes precisos e materiais agradáveis
Divulgação/JAC MotorsBanco traseiro generoso acomoda até três adultos com folgas
Divulgação/JAC MotorsPorta-malas do SUV leva até 610 litros e é um dos maiores
Divulgação/JAC MotorsDeixar certos estereótipos para trás é sempre difícil, principalmente no que se refere à qualidade de produtos e serviços. No caso dos automóveis, a imagem da marca pesa, já que, ainda hoje, carros são vistos como propriedade e não como bens de consumo. Posto isso, fica fácil concluir que trabalhar a imagem de um veículo chinês é complicado. Mas após quatro anos de Brasil, a JAC Motors acertou a mão. Seu novo SUV, o T6, chega às lojas neste mês para surpreender os mais céticos.
Isso não significa, porém, que o carro chinês chegou ao patamar de europeus, japoneses e norte-americanos. Não é isso. Mas digamos que o T6 é o melhor carro já fabricado pela JAC Motors — ou, ao menos, é o melhor que eu já acelerei. Desde o design elegante e moderno ao padrão de acabamento, tudo neste SUV de porte médio parece mais bem feito. Na última terça-feira (14), fomos ao lançamento e percorremos pouco mais de 200 km a bordo do modelo, que chega importado em versão única, com dois pacotes opcionais.
Como manda o figurino chinês, o T6 é "completão" e, apesar do porte médio, similar ao de Hyundai ix35, Kia Sportage e Mitsubishi ASX, vai atacar os SUVs compactos, segmento liderado por Ford EcoSport e Renault Duster. Para fisgar sua fatia do bolo, estabelecida em modestos 1% (ou 3.600 unidades em 2015), o utilitário desafiará as versões mais básicas de EcoSport e Duster, e dos recém-chegados Honda HR-V, Jeep Renegade e Peugeot 2008 — quase todas menos recheadas e equipadas com motores menores. Como? Com preço. O JAC parte de R$ 69.990 e, com todos os opcionais, atinge R$ 75.670.
Waze na tela do painel
Para surpreender a clientela faminta por SUVs, a montadora chinesa investiu em itens certeiros e optou por não fez aventuras. Primeiro, escolheu o motor 2.0 JetFlex que equipa a minivan J6 — por ora, nada de motor turbo, como nos protótipos. Com até 160 cv e um bom torque de 20,6 kgfm disponível logo aos 3.000 giros, o T6 vai bem, apesar de sua 1,5 tonelada. A ressalva fica com o câmbio manual de cinco marchas, cujos engates continuam enroscando. Somente em 2016 chega a transmissão automática. Como a meta de vendas não é ambiciosa, pode funcionar. Mas que a caixa automática vai fazer falta, vai.
O maior acerto, contudo, nem foi motor, que já estava readequado aos tempos atuais, com o sistema de pré-aquecimento do etanol que elimina o tanquinho auxiliar de gasolina para a partida em dias frios. O trunfo do T6 é a nova central multimídia, da fabricante Foxconn. Além de possuir software mais veloz que o das centrais multimídias de outros chineses, esta traz entrada HDMI e a inédita função Mirror Link, que espelha a tela do smartphone no visor touch de 7 polegadas do painel. O recurso permite ver aplicativos como o Waze.
Durante o percurso, testamos a função e conseguimos espelhar o Waze na tela do painel, até com certa facilidade. Mas há ressalvas. Quando espelhada a tela do smartphone, o sistema de som simplesmente para de funcionar — até o rádio fica mudo. Outro porém é que a entrada HDMI fica no porta-luvas, o que dificulta o acesso. Como os cabos HDMI costumam ser mais grossos, a tampa pode ficar abrindo com o veículo em movimento. São coisas aparentemente bobas, mas que complicam o uso da desejada função. De toda forma, está lá e funciona.
T6 reflete face mais madura da JAC
De forma geral, o T6 surpreendeu pelos acertos. Mas como todo carro (em especial os chineses), ainda precisa melhorar. O isolamento acústico, por exemplo, desaponta tanto pelos ruídos aerodinâmicos, quanto pela aspereza e vibração do motor, que é constante dentro da cabine e no assoalho. Outro aspecto que pode melhorar é o ajuste da suspensão, cujo retorno (rebound) é excessivamente grosseiro, fazendo a traseira trepidar sobre asfalto liso e saltar ao transpor quebra-molas — mesmo a velocidades baixas.
Em termos de rigidez, a carroceria transmite bom equilíbrio em curvas e durante frenagens. Todavia, vale ressaltar que o T6 não é para ser "pilotado", como se o motorista estivesse em uma competição (o SUV nem tem motor para isso). Na prática, seu maior atributo é o espaço interno e o rodar suave. O banco traseiro acomoda até cinco adultos com sobras para pernas e cabeças, e o porta-malas recebe até 610 litros, volume que deixa quase todos os utilitários compactos para trás — só o veterano Hyundai Tucson é maior, com 644 litros.
Como argumento de vendas, o T6 ainda tem o design feito no centro de estilo da JAC em Turim, na Itália. Embora a dianteira lembre o Hyundai ix35 e a traseira tenha traços do SUV de luxo Audi Q3, o desenho guarda personalidade e transmite sofisticação, com as lanternas 100% iluminadas por LEDs. Somando-se o visual ao porte robusto e à farta lista de equipamentos, o SUV chinês surpreende. Vai atrair olhares nas ruas e encantar alguns com a sedutora garantia de seis anos. Mas acima de tudo, como produto, revela o amadurecimento da fabricante chinesa.
FICHA TÉCNICA
Motor: 2.0 16V, comando variável na admissão, sistema de partida a frio, flex
Potência: 155 cv (gasolina) e 160 cv (etanol) a 6.000 rpm
Torque: 20,6 kgfm a 3.000 rpm
Câmbio: Manual, cinco marchas
Direção: assistência elétrica progressiva
Suspensão: Independente McPherson na dianteira, e independente por braços múltiplos na traseira
Tração: Dianteira (4X2)
Freios: discos ventilados nas quatro rodas, ABS com EBD
Rodas: aro 17, liga leve, pneus 225/60
Dimensões: 4,47 m (comprimento), 1,84 m (largura), 1,50 (altura) e 2,64 m (entre-eixos)
Porta-malas: 610 litros
Tanque de combustível: 60 litros
Aceleração 0-100 km/h: 11,9 segundos
Velocidade máxima: 186 km/h
Principais itens de série: ar-condicionado, ajuste elétrico dos retrovisores, chave tipo canivete, vidros e travas elétricos nas quatro portas, air bags frontais, sistema ABS com EBD para os freios, computador de bordo, volante revestido em couro com comandos do som, ajustes de altura do banco do motorista e da coluna de direção, sistema Follow Me Home (mantém os faróis acesos por alguns segundos), monitor de pressão dos pneus, sistema Isofix de fixação de cadeirinhas, alarme, faróis de neblina, ajuste de altura dos fachos de luz dos faróis, sensor de obstáculos traseiro, rádio/CD com leitor de MP3 e entrada USB
*O jornalista viajou a convite da JAC Motors do Brasil