Comparativo: novos CrossFox e Sandero StepWay se encaram na disputa dos aventureiros 'gourmet'
Modelo francês aposta em espaço e robustez, e alemão tem melhor desempenho e acabamento
Carros|Luiz Fernando Betti, do R7
O nicho dos aventureiros urbanos começou no Brasil há 15 anos, com a Fiat Palio Adventure, e não parou de crescer. Entre os discípulos de maior sucesso estão o Volkswagen CrossFox e o Renault Sandero Stepway, que acabaram de receber uma profunda atualização.
Neste comparativo, avaliamos as suas versões de entrada com câmbio manual. A primeira grande diferença entre eles é o preço, embora disputem o mesmo público: o Stepway custa R$ 49.310 e o CrossFox, R$ 58.960. Será que esse abismo de quase R$ 10 mil se justifica na prática?
Emparelhados, ambos têm visual harmoniosos e bem resolvido. O Stepway é maior e mais robusto. Já o CrossFox é mais compacto e refinado, com detalhes cromados, duplo escape e roda na tampa traseira. Até aí, questão de gosto.
Tão perto, tão longe
Dentro deles, a história é outra. O Stepway tem aspecto de carro popular, com acabamento simples, parafusos aparentes nas maçanetas e bancos finos e duros. Os comandos de som estão na coluna de direção, escondido pelo volante de aro gordinho, e o porta-trecos acima do painel fica longe das mãos do motorista.
Os dois modelos têm lista equivalente de itens de série, mas o Stepway comete erros bobos, como não trazer vidro elétrico com um toque nem para o motorista — o CrossFox oferece o sistema para condutor e passageiro dianteiro. O ponto alto do francês é a bela central multimídia, que traz GPS e câmera de ré.
Já no CrossFox, a impressão é de estar num carro de segmento superior. A cabine é mais caprichada e elegante, com materiais agradáveis ao toque e ao olhar. As peças tem encaixes justos, o volante melhor empunhadura e os bancos são mais confortáveis.
Razão X emoção
Ao volante, a “raposa” amplia a vantagem. Equipado com motor 1.6 de 120 cv (etanol) e transmissão manual de seis marchas, o hatch tem retomadas rápidas e engates preciso do câmbio. A direção elétrica é leve e direta, deixando o carro na mão do motorista.
O desempenho do Stepway não decepciona, mas fica devendo em diversão. O propulsor 1.6 de 106 cv (etanol) garante agilidade no trânsito, mas a direção hidráulica podia ser mais leve — sobretudo em manobras — e o câmbio de relações longas, mais interativo. Em curvas, o modelo oscilou mais que o rival.
Em relação ao espaço interno, o francês leva vantagem no porta-malas e espaço traseiro. De série, ambos trazem ar-condicionado, direção hidráulica (elétrica no Volks), computador de bordo, volante multifuncional, sistema multimídia, sensor de estacionamento, rodas em liga leve e retrovisores elétricos.
Apesar de (bem) mais caro, o CrossFox oferece como opcional itens que são de série no Stepway, como piloto automático, central multimídia com GPS e rodas de 16 polegadas.
O modelo testado veio ainda com controle de estabilidade, assistente de partida em rampas, sensor de chuva e crepuscular e teto solar, o que aumentou seu preço para salgados R$ 71.158 — só a cor laranja "Sahara" subiu a conta em R$ 2.039.
Nessa faixa, o consumidor leva as versões intermediárias dos consagrados jipinhos Ford Ecosport (R$ 69.270 na versão Freestyle) e Renault Duster (R$ 69.990 na versão Dynamique), modelos de categoria superior.
Assim como a moda da "gourmetização", que sofistica até os pratos mais básicos, os aventureiros urbanos também vendem um "estilo devida" com a proposta de serem descolados. E cobram caro por isso, mesmo tendo sua origem popular — tanto CrossFox quando Stepway são variações aventureiras de hatchs com preço na faixa dos R$ 30 mil.
Como produto, o CrossFox é superior ao Stepway desde a versão mais básica. Contudo, pelo alto preço que cobra, há opções mais interessantes e com melhor custo-benefício no mercado — dentro e fora do universo dos jipinhos urbanos.
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