O que saber antes de instalar turbo no carro?
R7 Carros conversou com dois especialistas que deram preciosas dicas no assunto
Carros|Do R7
Ah, os caracóis... Sabe que montadoras foram as pioneiras no Brasil na implementação de turbos em motores de baixa cilindrada? Fiat e Volkswagen. Em 1994, a italiana lançou o Uno 1.4 Turbo, com 118 cv. Em seguida, veio o Tempra 1.8 Turbo, que ganhou muitos fãs com seus 165 cv e 26,5 kgfm de torque. Lembra-se do Gol 1000 16V Turbo? Lançado em 2000, o compacto foi tido como o 1.0 mais rápido da história, chegando aos 100 km/h em 9,5 segundos. Mas isso foi em outra época. O "hot hatch" saiu de linha em 2003.
De volta ao presente, em meados de 2015 a VW lançou o novo 1.0 TSI de três cilindros no compacto Up, que já estreou como o "mil" mais potente da história, entregando 105 cv com etanol e média de até 16,1 km/h na estrada. Graças ao turbo, o Up TSI dispõe de um torque de 16,8 kgfm a 1.500 rpm, independentemente do combustível utilizado. No Programa de Etiquetagem do Inmetro, é o 1.0 mais econômico do País.
O que faz o turbo?
Difícil alguém desgostar do assovio da turbina enchendo. O torque exercido em baixas rotações causa até uma sensação de poder. Para os aficionados, é quase um "elixir" das quatro rodas. O turbo nada mais é do que um sistema de injeção de ar em alta pressão. A função deste é comprimir o ar atmosférico e empurrá-lo para dentro dos cilindros do motor, fazendo com que os pistões desçam com mais força, gerada pela explosão do combustível somada à pressão gerada pelo ar comprimido da turbina.
Além de aumentar significativamente o volume de oxigênio enviado aos cilindros na admissão, a turbina também reaproveita os gases de escape (exaustão), intensificando a explosão da mistura ar/combustível e, consequentemente, a energia — potência e torque — gerada pelo motor. Como os motores não necessitam da turbina para funcionarem, o caracol nasce como um equipamento para aperfeiçoar o desempenho do veículo. Porém, não é essencial, tanto que maioria dos motores são naturalmente aspirados.
No entanto, cada vez mais montadoras estão adotando a sobrealimentação como prerrogativa para o downsizing, que na indústria de carros se traduz em "ganho com redução". Motores menores entregam igual ou maior potência que blocos com dimensões maiores. Mas isso não se consegue apenas com turbo. Existem outras tecnologias, como injeção direta, Start&Stop, freios regenerativos, pneus de baixa resistência à rolagem... Tudo para elevar a eficiência, baixar consumo de combustível e a emissão de gases.
O que saber antes de instalar turbo
Para que um motor naturalmente aspirado passe a funcionar com uma turbina sem que a configuração seja de fábrica, R7 Carros conversou com Israel, da SPA Turbos, e Wladimir, da ITurbo. Confira abaixo algumas dicas para turbinar o carro:
— Levar a um mecânico de confiança para saber se o motor tem capacidade para receber o aumento de potência. O profissional precisará dosar o equilíbrio entre performance e durabilidade, afim de proteger os componentes internos do bloco;
— O mecânico especialista também deverá conferir o estado dos pistões, bielas, juntas de cabeçote, correia-dentada, velas e cabos de velas, bobinas, anéis de compressão do motor, câmbio e embreagem, para saber se aqueles componentes estão em condições de receber a sobrealimentão;
— Algumas peças sofem mais com a mudança, entre elas os freios (que precisam receber especial atenção!), pistões, bielas, homocinética, embreagem e junta de cabeçote. É imprescindível verificar peça por peça antes de turbinar;
— O preço para a instalação pode variar muito, de acordo com cada modelo. Veículos da Volkswagen são os que mais recebem a modificação, em especial os motores compactos AP (abreviação de Alta Performance), presentes em diversos modelos da marca alemã. O custo, em geral, gira em torno de R$ 3 mil, fora a mão-de-obra, que tem enorme variação de valores;
As principais vantagens do turbo
— Menor consumo de combustível (motores ficam até 10% mais econômicos);
— Menor emissão de poluentes (por queimar menos combustível, emite menos gases);
— Melhor desempenho na altitude (a uma altura de 2.500 metros, os veículos perdem cerca de 25% da sua potência pela falta de oxigênio. Os motores turbinados não sofrem este tipo de problema por reutilizarem os gases do escape);
*Colaborou Lucas Henk