Pense num carro robusto, bem equipado, espaçoso e de visual modenro. Esta é a fórmula dos SUVs compactos, segmento que mais cresce no Brasil no momento. É claro que nem todos seguem à risca tais atributos, basta ver os novos Honda HR-V, Jeep Renegade e o renovado Renault Duster, cada um com seu ponto forte.
No meio desta briga, a Peugeot acaba de apresentar o 2008, que aposta no custo/benefício, com uma lista recheada de itens para abocanhar sua fatia. Disponível em três versões de acabamento, o crossover custa de R$ 67.190 a R$ 79.590. Para testar o modelo na prática, o R7 Carros foi até Santo André (Bahia) avaliar as versões de entrada (Allure) e topo delinha (Griffe THP).
Por fora, o 2008 tem visual sofisticado e bem resolvido, com luzes diurnas em LED nos faróis desde a versão de entrada. A configuração topo de linha se diferencia pelos retrovisores cromados e teto panorâmico de vidro.
Por dentro, o acabamento merece aplausos. O painel de controle tem desenho arrojado, materiais de qualidade e encaixes precisos das peças. A ergonomia é outro ponto positivo, com comandos à mão do motorista e boa posição de dirigir, graças aos ajustes de altura e profundidade no banco do motorista e no volante multifuncional.
"Completão"
Em contrapartida, a cabine compacta tem espaço limitado. Os ocupantes viajam próximos um do outro na frente e, atrás, apenas dois adultos viajam com conforto. O console central entre os bancos poderia ser menos recuado, assim como a estilizada alavanca do freio de mão.
Desde a configuração de entrada, o utilitário traz uma lista generosa de itens: direção elétrica; quatro air bags; ar-condicionado digital de duas zonas; rodas de liga leve de 16 polegadas; trio elétrico; sensor de obstáculos traseiro; piloto automático; faróis com luzes diurnas em LED e central multimídia "touch" de sete polegadas com GPS.
A versão topo de linha agrega bancos parcialmente em couro; air bags de cortina; sensor de obstáculos dianteiro; sensores de chuva e crepuscular; controle de estabilidade; assistente de partida em rampas e o grip control, sistema pra pisos de baixa aderência que consegiu tirar o "mini SUV" de um atoleiro enlameado no meio do trajeto.
Fome de leão
Apesar de ser mais alto e encorpado que um hatch, o 2008 é um carro fácil de guiar. A direção elétrica ajuda nas manobras e a versão de entrada, com motor aspirado 1.6 de 122 cavalos, se mostrou ágil no trânsito. Porém, na estrada ela é um tanto ruidosa, sobretudo em velocidades mais altas, quando a cabine é invadida pelos barulhos de vento e rolagem dos pneus.
Para quem curte pisar fundo, a versão turbo é um prato cheio de diversão. O propulsor 1.6 THP de até 173 cavalos é elástico e entrega potência de sobra, mesmo em baixas rotações — os 24,5 kgfm de torque máximo são oferecidos desde as 1.750 rotações.
Pena que este motor é acompanhado apenas de um câmbio manual de seis marchas, que embora macio e preciso, não traz o conforto de uma caixa automática — algo esperado para um carro desse valor. Assim, é preciso escolher entre potência e comodidade. Não rola os dois juntos? Por enquanto, não.
Marcha à ré
A Peugeot espera que as versões automáticas respondam por 70% das vendas do crossover, embora não tenha colocado essa opção na versão topo de linha — uma estratégia arriscada em um segmento tão brigado.
Na apresentação do modelo em Santo André (Bahia), as versões automáticas não estavam disponíveis para teste. Contudo, o câmbio automático de quatro marchas não recebeu uma avaliação positiva nas avaliações anteriores do R7 Carros. Segundo a montadora, a ideia foi deixar o veículo mais acessível do que se viesse com uma caixa mais moderna, de cinco ou seis velocidades.
Apesar da ressalva, o modelo tem bom comportamento dinâmico, acabamento elogiável, farta lista de itens e preço inicial abaixo dos novos rivais. Com esses argumentos, a Peugeot espera vender 1.100 unidades mensais do 2008. Uma expectativa modesta diante dos rivais, mas que ilustra a ambição da montadora. Se houvesse uma opção automática na versão topo de linha, o crossover teria a chance de alçar voos bem maiores.
* Jornalista viajou a convite da Peugeot do Brasil