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Atraso em julgamentos agrava superlotação de presídios no Maranhão

Mais da metade dos detentos no Estado ainda não teve situação definida, segundo juiz

Cidades|Fernando Mellis, do R7

Maranhão vive crise de violência que começou em presídios
Maranhão vive crise de violência que começou em presídios Maranhão vive crise de violência que começou em presídios

A superlotação dos presídios maranhenses poderia ser aliviada com o julgamento de presos provisórios. Segundo o juiz da 2ª Vara de Execuções Penais, Fernando Mendonça, 52% dos detentos do Estado estão em situação ainda não definida, sendo que alguns deles já foram condenados, mas a burocracia ainda os mantém na condição de provisórios.

O sistema prisional do Maranhão tem cerca de 6.000 detentos. 48% estão em situação regular, segundo o juiz. Eles foram julgados e condenados. A Justiça fez mutirões recentes para garantir todos os benefícios que a lei oferece, como progressão da pena, para eles. De acordo com o magistrado, apenas os condenados que ainda têm pena a cumprir em regime fechado ou semiaberto continuam nas unidades prisionais.

Por outro lado, mais da metade dos detentos aguarda por julgamento. Mendonça ressalta a necessidade de um mutirão carcerário para esses presos.

— São 52% de presos na condição de provisório, não condenados. Essa situação tem que ser acelerada. Tem que ser feito tanto mutirão para instruir e julgar, quanto mutirão para que se possa expedir carta de guia para esse pessoal. Porque muitos deles já estão condenados.

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A carta de guia é remetida à Vara de Execuções Penais após a condenação. Com esse documento, o juiz vai poder aplicar, se houver, benefícios ao preso. No entanto, ela depende do processo transitar em julgado e de recursos ou não da defesa do réu. De acordo com o juiz, alguns presos ainda considerados provisórios já foram condenados, mas ainda aguardam pela emissão da carta de guia.

“Caos generalizado”

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O deputado Domingos Dutra, que foi relator da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Sistema Carcerário, definiu a atual situação da segurança pública e do sistema penitenciário do Maranhão como “um caos generalizado”. Segundo ele, o problema já saiu da cadeia e foi para as ruas há bastante tempo.

Dutra também concorda com a necessidade urgente de um mutirão para resolver a situação dos presos provisórios, mas ainda diz que é preciso evitar a “salada de presos”.

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— Misturam-se em uma cela superlotada presos primários com presos condenados, presos reincidentes com presos ainda sem condenação, presos jovens com presos idosos, presos da capital com presos do interior. Aí a pessoa que cometeu um crime pequeno, quando sai de lá, sai refém das lideranças criminosas, a família é obrigada a cumprir ordem desses grupos mais organizados.

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Ele também aponta outras medidas, também defendidas por Mendonça, como caminhos para solucionar a crise de segurança que o Maranhão vive.

— O judiciário tem que modificar a cultura só do encarceramento. Hoje, uma pulseira eletrônica está custando de R$ 250 a R$ 400 por preso. Mais barato do que um preso custando R$ 2.000 [na cadeia], sendo corrompido. Então, tem o monitoramento eletrônico, penas alternativas, tem a ressocialização com trabalho e estudo.

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Cenário

Uma onda de violência assustou a população de São Luís e da região metropolitana nas últimas semanas. Com 62 assassinatos desde o começo de 2013, o Complexo Penitenciário de Pedrinhas teve que ser ocupado pela Polícia Militar. A ação gerou revolta em grupos criminosos.

Duas delegacias foram atacadas e cinco ônibus foram incendiados, sendo que em um dos ataques uma menina de seis anos morreu. O Ministério da Justiça ofereceu vagas para que chefes de facções criminosas sejam transferidos a penitenciárias federais e também reforço do efetivo da Força Nacional de Segurança no Estado. 

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