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"Isso aqui vai explodir", diz mulher de detento do Complexo Prisional de Pedrinhas

Atualmente, o presídio tem 2.196 detentos, 426 a mais do que sua capacidade permite

Cidades|

O Complexo Prisional de Pedrinhas, em São Luís, passou a ser comparado a um açougue. É que a morte por ali virou rotina. Em 2013, foram 60 homicídios. O índice supera o de várias cidades do País, como Diadema, na Grande São Paulo, que registrou 49 mortes em 2012.

A reportagem foi até lá e conseguiu entrar em uma das oito unidades prisionais do complexo, de onde saem as ordens para queimar ônibus e atacar policiais na capital maranhense.

Na porta das unidades, as mulheres dos presos se aglomeram para saber se seus maridos e filhos continuam vivos. O medo é que virem mais um dos corpos exibidos em carnificinas filmadas com celular pelos presos e repassadas desde o ano passado para boa parte da cidade.

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Atualmente, o complexo tem 2.196 detentos, 426 a mais do que sua capacidade permite. J., de 40 anos, mulher de um dos detentos, teme pelo marido.

— Isso aqui vai explodir logo, logo. Ele [marido] não é de facção nenhuma, como muitos aí dentro, mas pode morrer a qualquer momento.

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Do outro lado da rua, em outra penitenciária do sistema, a Tropa de Choque é um sinal de que J. pode ter razão. A força policial passou a atuar no local desde que a crise da segurança estourou novamente, logo no começo do mês, como explica o tenente-coronel Raimundo Sá, da Tropa de Choque.

— Nós estamos fazendo revistas e o trabalho de polícia. O resto continua com os agentes penitenciários.

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Celulares

Apesar das revistas constantes, a polícia sempre acaba encontrando armas e celulares em posse de criminosos das duas facções rivais, o PCM (Primeiro Comando do Maranhão) e o Bonde dos 40.

A reportagem esteve em uma das unidades do complexo que é dominada por presos do Bonde dos 40, a Penitenciária São Luís 1. Logo na entrada, é possível ouvir presos batendo nas celas.

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Com a ajuda de um funcionário, a reportagem fez um tour pelo local. A entrada começa pela chamada "ala de Jesus", que concentra presos evangélicos. Depois, vêm a ala para visita íntima, a escola e o campo de futebol, onde os presos jogam sem camisa. O agente aponta para um local mais fechado do que os demais. 

— Ali no fundo fica o tal do Bonde dos 40. 

Diferentemente das celas dos evangélicos e dos presos que não pertencem a facções, a parte reservada aos criminosos mais perigosos tem mais de um portão para que se chegue até eles.

Trabalho

Quem sempre continuam, apesar das más condições de trabalho, são os agentes penitenciários. Um deles reclama da situação e diz temer pela segurança.

— Somos só 400 no Estado. É muito pouco.

Para ele, os monitores colocados pelo governo do Estado para substituí-los não são capacitados para fazer a função dos agentes.

— Você pode colocar um agente para dez presos que ele é respeitado. Esses monitores não são.

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No ano passado, os presos fizeram uma das rebeliões mais violentas da história do complexo. Vários foram decapitados.

José Maria Ribeiro Jr., presidente da Sociedade Maranhense de Direitos Humanos, alerta para a situação.

— Neste ano, já foram dois mortos lá. Se continuar desse jeito, vamos superar o ano passado. 

Nesta terça-feira (7), o grupo se reuniu com várias entidades com o objetivo de saber o que está acontecendo lá dentro. Seja o que for, o reflexo está nas ruas de São Luís, onde a população especula se ainda pode acontecer alguma coisa pior depois de criminosos incendiarem ônibus com crianças dentro.

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