Chuva no Espírito Santo já é a maior em 90 anos
Mais de 50 mil pessoas estão fora de casa e 14 morreram; 47 municípios foram afetados
Cidades|Com Agência Brasil
O Incaper (Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnicas e Extensão Rural ) informou que as fortes chuvas que há mais de uma semana atingem o Espírito Santo já são as maiores enfrentadas pelo Estado, desde que começaram as medições meteorológicas nesta unidade da federação, há 90 anos. As chuvas que castigam o Espírito Santo e já fizeram mais de 50 mil pessoas saírem de casa devem continuar nesta quarta-feira (25).
Segundo o Incaper, o fenômeno é decorrência de “um canal de umidade associado à presença de Zcas (Zonas de Convergência do Atlântico Sul) que vem mantendo o tempo encoberto em todo o Estado”.
As informações indicam que já foram registrados acúmulos de chuva com volume superior a 700 milímetros desde o início do mês de dezembro em alguns municípios do Estado, como conta Hugo Ramos, meteorologista do Incaper.
— O solo já está muito encharcado, e a continuidade da chuva só agrava os impactos.
Dilma promete ajuda de R$ 600 milhões do PAC para o ES
Chuvas no ES: voluntários reclamam de central para as doações
Os estragos causados pela chuva já são considerados maiores do que a tragédia registrada na enchente de 1979, que afetou municípios de Minas Gerais e Espírito Santo localizados no Vale do Rio Doce. Naquela época, quase 48 mil pessoas tiveram que deixar suas casas. Foram registradas 74 mortes. Houve 4.424 residências atingidas nos dois estados.
A maior cheia da história do Rio Doce foi em 1997, segundo Ramos, quando o manancial ultrapassou a cota de 8,70 metros. Em Colatina, a cota de inundação do Rio Doce é 5,2 metros.
— Em outras palavras, ao atingir este nível, o rio transborda e pode inundar vários pontos da cidade.
A Secretaria Nacional de Defesa Civil continua enviando alertas de risco de inundação e deslizamento de terra na região serrana e alagamentos em Linhares e Colatina devido ao nível do Rio Doce estar acima da taxa de inundação. A avaliação do Incaper é de que o Rio Doce deve ultrapassar 10 metros.
Moradores se mobilizam para ajudar vítimas de enchente no Espírito Santo
Diversas atividades agrícolas foram afetadas: cafezais, pastagens, hortaliças e frutas. No interior, mais de 200 pontes foram danificadas ou arrancadas pela força das águas. Houve deslizamento de barreiras de terra e rompimento de dezenas de barragens. Estradas rurais estão intransitáveis, e comprometem o escoamento da produção de alimentos. Mais de 100 mil litros de leite foram perdidos. O fornecimento de ração para a avicultura também foi afetado, principalmente no município de Santa Maria de Jetibá.
Com um total de 47 municípios afetados e com estado de emergência decretado, vários deles com dificuldade de acesso, órgãos do governo do Espírito Santo, prefeituras municipais, defesas civis, Corpo de Bombeiros, Exército, Força Nacional de Segurança e milhares de voluntários trabalham nas áreas afetadas para socorrer vítimas, retirar pessoas das áreas de risco, transportar e distribuir donativos, com explica Evair Vieira de Melo, diretor-presidente do Incaper.
— Fazemos um apelo neste momento. É importante lembrar sobre a necessidade de seguir as orientações do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil. Vidas precisam ser salvas.