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Destruição do habitat contribui para ataques de tubarões em Pernambuco, dizem especialistas

Bruna da Silva Gobbi, de 18 anos, foi última vítima e morreu após ataque na praia de Boa Viagem

Cidades|Com Agência Brasil

Bruna da Silva Gobbi, de 18 anos, morreu após ataque de tubarão na praia de Boa Viagem
Bruna da Silva Gobbi, de 18 anos, morreu após ataque de tubarão na praia de Boa Viagem

A morte da adolescente Bruna Gobbi após um ataque de tubarão, no último dia 22, foi o 59º caso registrado no estado em 21 anos. A jovem paulista, atacada na praia de Boa Viagem, no Recife, foi socorrida pelos bombeiros, mas não resistiu aos ferimentos. As praias de Boa Viagem, com 24 ataques; e Piedade, em Jaboatão dos Guararapes, com 17; são recordistas de ocorrências.

A morte de Bruna foi a 24ª e motivou a recomendação do Ministério Público Estadual de interditar praias com risco de ataques até a instalação de redes de proteção para os banhistas.

Segundo a presidenta do Cemit (Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões), Rosângela Lessa, o desenvolvimento da região contribuiu para a aproximação dos tubarões das praias. Com a construção do Porto de Suape, no início dos anos 90, rios foram desviados e arrecifes implodidos. Uma das espécies de tubarão foi diretamente afetada pela alteração de seu habitat.

— O tubarão cabeça-chata guarda uma grande fidelidade ambiental e usa a área em todos os ciclos de vida. Ele encontrava uma barreira de salinidade e agora não encontra mais. Então, ele continua procurando seus espaços.


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Ela também explica que os tubarões capturados são levados para outras áreas para serem estudados.

— Capturamos os tubarões, levamos a uma distância de 20 milhas, marcamos e os soltamos. Assim, o comportamento deles é estudado. Esse monitoramento retira os tubarões da área.


Rosângela, que também trabalha com dinâmica de populações de tubarões e arraias na UFRPE (Universidade Federal Rural de Pernambuco), ressalta a importância dos banhistas tomarem os cuidados necessários. São 44 pares de placas colocadas ao longo da área de risco. As placas orientam os frequentadores a evitar o banho em áreas de mar aberto, durante a maré alta, e em áreas profundas, com água acima da cintura.

O oceanógrafo e professor da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), Mário Barletta, também reforça que a poluição interferiu no comportamento dos animais.

— Quando ocorre a vazão dos rios, os peixes saem para a região costeira e, nesse momento, os tubarões chegam para procriar. Com a poluição dos estuários [local de encontro entre o rio e o mar], essas espécies de peixes desapareceram. A única coisa que aumentou foi a oferta de turista na praia.

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Ele lembra que a área é naturalmente povoada por tubarões, e banhistas e surfistas são, muitas vezes, confundidos com peixes e tartarugas, um alimento natural deles. O professor destacou ainda os cuidados que os banhistas devem ter.

— O tubarão está ali, é um ambiente natural deles. Se passar dos arrecifes, a probabilidade de levar uma mordida, ser atacado, é grande.

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