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‘Nós estamos com a cabeça bem tranquila para assassinar’, diz médica em gravação

Polícia Civil divulgou inquérito que investiga mortes em UTI de hospital em Curitiba

Cidades|Do R7, com Rede Record

Virgínia Soares de Souza está presa desde o último dia 19
Virgínia Soares de Souza está presa desde o último dia 19 Henry Milleo

A Polícia Civil do Paraná divulgou o inquérito do caso que envolve a médica Virgínia Soares de Souza, presa no último dia 19 sob a acusação de homicídio qualificado quando atuava na UTI do Hospital Evangélico, em Curitiba. O documento descreve gravações que ela fala com funcionários e em uma das conversas a médica diz: "Nós estamos com a cabeça bem tranquila para assassinar".

A polícia divulgou ainda que um policial se infiltrou com autorização da Justiça na equipe da médica e conseguiu captar as conversas. Segundo o inquérito, ele tinha curso superior em enfermagem e teve autorização para gravar áudio e vídeos. A delegada Paula Brisola alegou que a presença de alguém da policia foi a única forma encontrada para confirmar as denúncias.

A conversa entre a médica e outro profissional foi gravada pelo policial no dia 23 de janeiro deste ano. Em outro trecho, ela diz: "Tem alguns doentes que estão mortos, então vai desligando as coisas que não tem sentido". Além das gravações, a polícia informou que os corpos dos pacientes serão exumados.

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O advogado da médica, Elias Mattar Assad, informou que as expressões usadas por Virgínia são termos técnicos e não se referem a uma morte induzida, mas sim natural de quem está em uma UTI.


Entenda o caso

A chefe da UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Hospital Universitário Evangélico de Curitiba (PR) foi presa no dia 19 de fevereiro por policiais do Núcleo de Repressão aos Crimes Contra a Saúde. Virgínia Helena Soares de Souza, de 56 anos, é suspeita de ter praticado eutanásia — antecipar a morte de pacientes internados na unidade.


As investigações começaram há um ano, após denúncias de funcionários do próprio hospital, que é considerado um dos mais importantes da cidade. Ela foi indiciada por homicídio qualificado, por não haver chance de defesa das vítimas.

Virgínia chefiava, desde 2006, a UTI geral do Hospital Universitário Evangélico de Curitiba. O setor fica no quarto andar do prédio, local onde a vigilância sanitária encontrou, em 2012, cinzeiros com cinzas e também bitucas de cigarro.

Em nota divulgada no dia da prisão, o Hospital Universitário Evangélico disse que abriu sindicância interna para apurar os fatos, que reconhece a competência profissional de Virgínia e que “desconhece qualquer ato técnico dela que tenha ferido a ética médica”. Toda a equipe do setor foi trocada.

Também por meio de nota, a médica se disse vítima de ex-funcionários. O filho dela, Leonardo Marcelino, e o advogado, Elias Mattar Assad, disseram que tudo “é um grande erro da polícia” e que as denúncias “são baseadas em depoimentos e não em provas”.

Apesar de estar na UTI do hospital desde 1998 e chefiar o setor há sete anos, Virgínia não era especialista na área. Segundo a polícia, quem assinava por ela como chefe da unidade era outro médico. Ela assumiu o cargo, que era do marido, depois que ele morreu.

No dia 23 de fevereiro, a Justiça expediu quatro mandados de prisão para três médicos e uma enfermeira. Os anestesistas Edson Anselmo da Silva Júnior, Maria Israela Boccato e Anderson de Freitas foram levados à delegacia no mesmo dia. A enfermeira Laís Grossi se apresentou no dia 25 do mesmo mês.

Os médicos presos negam qualquer conduta antiética e foram orientados pelo advogado de Virgínia a ficarem calados. Foi iniciada uma investigação dentro do hospital, inclusive com membros do Ministério da Saúde, para constatar eventuais irregularidades praticadas pela médica ou por outros profissionais.

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