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“Nunca passei por isso”, diz filha de Deborah Colker sobre criança quase impedida de viajar por doença rara

Tripulação da GOL não queria decolar com garoto a bordo por medo de contágio

Cidades|Do R7

Neto de Deborah Colker quase foi impedido de viajar em voo da GOL
Neto de Deborah Colker quase foi impedido de viajar em voo da GOL

Em um desabafo no Facebook, Clara Colker, filha da coreógrafa Deborah Colker, lamentou o preconceito sofrido pelo filho, Theo, portador de uma doença rara, durante um voo da companhia aérea GOL, na última segunda-feira (19). 

— Já viajei inúmeras vezes com ele para dentro e fora do Brasil. Nunca passei por isso. 

O garoto tem uma doença hereditária chamada epidermolise bolhosa, que causa bolhas na pele e mucosas e não é transmissível. Porém, a tripulação do voo pediu um atestado médico sobre a criança por desconfiar que a doença fosse contagiosa, segundo relato de Clara.

— Estava sentada ao lado da minha mãe e do meu filho dentro do avião. Um funcionário me perguntou: “você tem atestado?” Falei: do quê? “Do médico sobre a criança”. Apontando na cara do meu filho. Falei: ele está bem, tem um problema genético, sou mãe dele e responsável por ele. Insatisfeito, o cara foi até a cabine. Voltou uma funcionária. O constrangimento começou.


Clara, que viajava na companhia da mãe, diz ter ficado constrangida com a situação, já que o avião não decolava. Porém, verificou que os passageiros estavam solidários a ela.

— Uma mulher a três filas de distância grita pra mim “chama o ministério público! Isso é preconceito e discriminação!” Comecei a chorar. 


Segundo Clara, uma funcionária disse que o avião só decolaria com o aval de um médico. Um profissional foi até o garoto, constatou que era epidermolise bolhosa e que não havia problema algum, e foi falar com o comandante. O voo, porém, não sairia sem o atestado. 

— Aí não tinha papel, não tinha carimbo... [o médico] pegou um papel branco sem nada timbrado e fez o atestado. Minha vontade era descer do avião.


Os passageiros foram solidários e muitos diziam que desceriam do avião junto com Clara. 

— Theo me viu chorando. Tentei disfarçar que o avião inteiro não estava atrasado por causa dele. Sei que ele percebeu. Sei que ele é mais forte do que esse bando ignorante. Estou muito triste.

Segundo o site da Infraero, empresa que administra o Aeroporto Internacional de Salvador Deputado Luiz Eduardo Magalhães, o voo no qual estaria a coreógrafa, estava previsto para decolar às 11h50, mas só deixou o a capital baiana às 13h16.

De acordo com a assessoria de imprensa da coreógrafa Deborah Colker, ela estava em Salvador devido a uma turnê de comemoração dos 20 anos da companhia de dança que leva seu nome. 

Outro lado

A reportagem do R7 entrou em contato com a assessoria de imprensa da GOL. Em nota a empresa afirma que preza pelo respeito aos clientes e pelas normas de segurança. 

— Em relação ao voo G3 1556 (Salvador/BA - Rio de Janeiro / RJ), esclarece que está analisando o ocorrido e tomará as medidas cabíveis.

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