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Policiais atiram em cavalos de índios no litoral do Espírito Santo; assista ao vídeo

O caso ocorreu neste sábado, após ato em cavalgada, na cidade de Aracruz, no norte do Estado

Cidades|Peu Araújo e Alvaro Magalhães, do R7

Um vídeo gravado neste sábado (4) por indígenas da etnia Tupiniquim está circulando nas redes sociais. Em pouco mais de dois minutos, as imagens mostram um tenso conflito entre homens à cavalo e quatro policiais militares. No meio de gritos e xingamentos, os PMs disparam contra os animais e pelo menos dois deles ficam feridos. Um dos membros da aldeia também foi atingido por uma bala de borracha no braço (assista ao vídeo abaixo).

O conflito ocorreu na Rodovia ES 010, que liga a região metropolitana de Vitória ao município de Conceição da Barra, na altura da praia dos Padres, em Aracruz, no norte do Estado.

Um dos policiais, identificado no vídeo como Gilvan, acuado, revela o motivo dos disparos e da repressão: “É porque vocês não estão obedecendo.”

— Estávamos voltando pela estrada de uma cavalgada à beira mar, quando um policial, em carro particular, jogou o carro para cima da gente — afirma o Douglas Silva Lemos, presidente Associação Indígena Tupiniquim e Guarani — Tentamos dialogar, mas ele foi até uma base e chegaram outras duas viaturas. Questionei o motivo da abordagem. Alegavam que a gente estava bloqueando a via, mas não estávamos bloqueando nada. Estávamos voltando, usando apenas uma faixa, em uma parte da estrada que não tem acostamento.


Lemos afirma que mais viaturas apareceram e um policial começou a disparar tiros com bala de borracha. No fim do episódio, ainda conforme Lemos, sete índios ficaram feridos e dois cavalos foram atingidos.

— Eu mesmo fui atingido por bala de borracha. Registrei um boletim de ocorrência na condição de vítima. Um dos cavalos, que estava prometido a um haras, tem de passar por cirurgia. Agora, estamos reivindicando apoio para essa cirurgia, além de medicamento para o outro animal. Já enviamos nossa lista de reivindicações para o Ministério Público Federal e para o coordenador de Direitos Humanos do Estado.


Lemos diz que, após o episódio, duas estradas que cortam as áreas indígenas foram fechadas.

— Temos deixado passar moradores da região e ônibus de empresas levando funcionários de volta para casa, pois não queremos que sejam obrigados a dormir nas fábricas. Temos uma boa relação com a comunidade. Mas ônibus que levam funcionários para trabalhar, não estamos permitindo que passem pela rodovia.


Questionada, a Polícia Militar do Espírito Santo afirmou em nota: “O que temos de informação é que na noite do último sábado (4), policiais militares foram acionados para irem até a rodovia ES 010, na Praia dos Padres, onde vários cavaleiros estavam interditando a via e usando animais para agredirem outros militares e danificar viaturas que estavam na região. Devido a situação, foi necessário o uso de munição de elastrômero (bala de borracha), sendo que um dos indivíduos foi atingido. Ele foi conduzido para a Delegacia Regional de Aracruz. Posteriormente, na localidade de Caieiras Velha, os índios interditaram a rodovia ES 456 e depredaram os ônibus que trafegavam pelo local com o intuito de interromper a passagem de veículos pela via. Policiais militares foram ao local orientar os motoristas que circulavam na região.”

A Funai (Fundação Nacional do Índio) também se pronunciou em nota. "A Funai acompanha a situação e tenta uma audiência em Vitória/ES com o corregedor da Polícia Militar e com o Secretário de Segurança, a fim de solicitar a abertura de investigação. Há, no entanto, uma dificuldade em agendar a reunião, diante da greve no estado. Informamos que, após o incidente, alguns indígenas e um servidor da CTL Aracruz registraram boletim de ocorrência e exame de lesões corporais na 13ª Delegacia Regional do município. Além das lesões comprovadas, há a informação de que três cavalos foram alvejados."

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