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Rolezinhos ganham status político e recebem adesão de black blocs

Páginas de mascarados convocam integrantes para eventos em São Paulo, Rio e DF

Cidades|Alvaro Magalhães e Bárbara Garcia, do R7

Página black bloc convoca rolezinho em São Paulo
Página black bloc convoca rolezinho em São Paulo Página black bloc convoca rolezinho em São Paulo

Pouco mais de um mês depois de 10 mil jovens entrarem no Shopping Itaquera entoando refrões de funk, os rolezinhos ganharam status político e, agora, recebem a adesão dos black blocs (grupos que protestam de forma violenta).

Evento marcado para o Shopping JK Iguatemi no próximo sábado tem sido divulgado em páginas do Facebook ligadas aos mascarados. Mais de 4 mil pessoas confirmaram presença pela rede social.

Um adepto dos black blocs ouvido pela reportagem confirmou que a participação no encontro tem sido discutida:

— Eu, particularmente, não irei. Mas conhecidos meus devem participar. A ideia não é atacar, mas proteger a população da PM. Em Itaquera, vimos o que aconteceu.

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No último domingo, rolezinho no Shopping Itaquera terminou em confusão. Na rampa que dá acesso ao centro de compras, a Polícia Militar usou bombas e balas de borracha. Na região, houve também registro de furto.

As páginas ligadas aos black bocs ainda replicaram convocações para rolezinhos em shoppings do Rio de Janeiro, com 8 mil confirmados, e no Distrito Federal, com 2 mil confirmados.

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Músico convocou evento

Um das convocações para o rolezionho no JK Iguatemi divulgadas pelas páginas black blocs foi feita pelo músico Daltson Takeuti, de 55 anos.

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Ele diz que nunca participou de eventos do tipo. Ao saber que, na semana passada, o centro de compras restringiu a entrada de jovens, resolveu protestar. Mas se surpreendeu com a repercussão de seu post.

— Eu só convidei os meus amigos e muita gente começou a entrar. Aí viralizou, né? Eu não conheço quase ninguém que está lá (com presença confirmada).

Takeuti diz que é difícil dizer se o evento terá sucesso:

— O shopping quer criminalizar, por meio da Justiça. Na semana passada, não permitiram que as pessoas entrassem. Agora, além da minha convocação, tem a de um grupo da Uniafro. Esse evento está maior que o meu.

Politização

Para o sociólogo Lúcio Flávio de Almeida, da PUC-SP, depois de começarem de forma espontânea, os rolezinhos têm se transformados em eventos políticos:

— Isso não significa que todas as jovens que participam desses eventos são, conscientemente, politizados. O movimento nasceu de forma espontânea, mas sofreu resistência. E essa resistência fez com as parcelas mais politizadas do mesmo extrato social dos jovens - como os sem-teto, por exemplo - passassem a politizar os rolezinhos.

Na quinta-feira, integrantes do MTST (Movimento dos Trabalhodores Sem-Teto) e do movimento Periferia Ativa fizeram em São Paulo o que chamaram de “rolezão contra a discriminação”. A manifestação, porém, não chegou a entrar nos centros comerciais, que fecharam as portas antes.

Jussara Basso, de 38 anos, coordenadora do MTST, diz que os sem-teto não se apropriaram dos rolezinhos. Segundo ela, o movimento decidiu agir após seus próprios integrantes serem barrados.

— Nós nos sensibilizamos porque (o barrados) são jovens filhos de pessoas que atuam no movimento ou mesmo jovens que atuam no movimento. Estamos lutando contra o preconceito social e racial. O critério (para impedir a entrada em centros de compras) foi justamente a cor da pele e a aparência humilde.

Funk

Os rolezinhos chamaram a atenção pela primeira vez em 7 de dezembro. Na época, jovens que gostam de funk marcaram um encontro no estacionamento do Shopping Itaquera.

No final da tarde, o grupo, de cerca de 10 mil pessoas, entrou no centro de compras. A Polícia Militar foi chamada, houve confusão e relatos de furtos.

Na época, os jovens afirmavam que o evento havia sido convocado por causa da impossibilidade de haver bailes funks nas ruas do bairro.

Shopping fala em medidas preventivas

Questionado sobre que medidas pretendia tomar a respeito da convocação e qual seu posicionamento a respeito das acusações de descriminação, o Shopping JK Iguatemi respondeu em nota:

— O Shopping Center JK Iguatemi esclarece que serão tomadas todas as medidas preventivas para garantir a segurança e a tranquilidade de todos nossos clientes, lojistas e colaboradores.

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