Suzana tentou se afogar dois dias antes da morte do casal, diz garçom da casa de PC Farias
Após uma discussão, namorada do empresário, teria corrido para o mar, segundo testemunha
Cidades|Do R7
Suzana Marcolino teria tentado suicídio, jogando-se no mar de Guaxuma — praia localizada ao norte de Maceió - depois de discutir com Paulo César Farias por causa de um telefonema. O fato teria acontecido dias antes da morte dos dois, em 1996. A revelação foi feita por Genival da Silva França, garçom da casa de praia de PC Farias, o segundo a prestar depoimento nesta segunda-feira (6) no julgamento de quatro policiais militares acusados de participação na morte do empresário e de sua namorada.
Segundo a testemunha, depois de receber um telefonema, PC Farias teria discutido com Suzana, que saiu correndo em direção ao mar. O empresário teria pedido ao garçom para segui-la.
Eu pedi para o meu irmão, que trabalhava comigo na casa, ir atrás dela. [...] Ela se debateu nos braços dele, mas acabou sendo retirada do mar.
O promotor Marcos Aurélio Gomes Mousinho quis saber porque a informação só foi dita agora.
— Por que você não contou esse detalhe à polícia, na época?
A testemunha disse que não se recordava.
— Porque tem coisa que a gente esquece, doutor.
Em depoimento que durou pouco mais de uma hora, Genival da Silva revelou ainda os momentos que antecederam a morte do casal, no domingo, 23 de junho de 1996. De acordo com seu depoimento, PC Farias saiu para caminhar na praia de Guaxuma por volta das 11h30 do dia anterior, retornando cerca de duas horas depois.
Ao chegar, foi para a piscina acompanhado dos filhos Ingrid e Paulo Farias — o Paulinho —, na época menores de idade. Ainda na piscina, o empresário teria consumido três garrafas de champanhe antes de almoçar, segundo o garçom.
— No almoço, ele pediu uma garrafa de vinho tinto.
Genival da Silva informou ainda que no dia da morte do casal, ele bateu na porta do quarto de PC Farias por volta das 11h30, como sempre fazia, por ordem do próprio patrão, que dizia o horário em que queria ser acordado.
— Mas ninguém respondeu lá dentro. Fui até a janela, bati e ninguém respondeu.
Começa júri popular de acusados da morte de PC Farias
Ele informou que chamou o segurança Reinaldo Correia de Lima Filho que, com a ajuda do jardineiro Leonino Tenório Carvalho, conseguiu arrombar a porta. Depois de tentar ligar para Flávio Almeida, secretário de PC Farias, e Juarez Alves, motorista do empresário, o segurança ligou para o então deputado federal Augusto Farias, irmão de PC, que chegou ao local em cerca de meia hora, segundo o depoimento.
De acordo com garçom, nenhum funcionário da casa mexeu nos corpos de PC Farias e de Suzana.
— Assim que a porta foi aberta, o Reinaldo entrou no quarto, chamou o doutor Paulo, depois pôs a mão no pescoço dele e percebeu que ele estava morto.
O caso
PC Farias e Suzana Marcolino foram encontrados mortos na manhã do dia 23 de junho de 1996, na casa de praia do empresário, localizada no bairro de Guaxuma, litoral norte de Maceió. As circunstâncias do crime até hoje deixam dúvidas. Para a polícia alagoana, Suzana matou o namorado e depois cometeu suicídio. Esta é a mesma tese do advogado José Fragoso, responsável pela defesa dos quatro policiais levados a júri popular. A jornalista Ana Luíza Marcolino, irmã de Suzana, rebateu a tese de crime passional e falou em uma "força" para que o caso não seja esclarecido.
Collor
Paulo César Farias foi o tesoureiro de campanha do então candidato Fernando Collor à Presidência da República. Em novembro de 1993, PC Farias - que teve a prisão preventiva decretada por crime de sonegação fiscal -, foi preso na Tailândia, para onde fugira, e transferido para o Brasil. Condenado pelo Supremo Tribunal Federal a sete anos de prisão, o empresário acabaria cumprindo parte da pena no quartel do Corpo de Bombeiros de Maceió, até ganhar a liberdade condicional. O duplo assassinato ocorreria seis meses após o empresário sair da prisão.