BC reduz taxa básica de juros pela primeira vez em mais de 4 anos
Reunião do Copom determina o retorno da Selic ao patamar de 14% ao ano
Economia|Do R7
O Copom (Comitê de Política Monetária), do BC (Banco Central), optou pela redução de 0,25% ponto percentual na taxa básica de juros da economia brasileira. A decisão leva a Selic aos 14% ao ano por, no mínimo, 45 dias, quando será realizada uma nova reunião do grupo.
A redução da Selic, anunciada nesta quarta-feira (19), é a primeira desde agosto de 2012, quando a taxa básica de juros recuou de 7,5% para 7,25% ao ano. A decisão rompe ainda com a sequência de nove manutenções seguidas da Selic nos 14,25% ao ano, maior patamar desde 2006.
A determnação de cortar os juros foi tomada de modo unânime após dois dias de reunião. Além do presidente do BC, Ilan Goldfajn, votaram a favor da redução Anthero de Moraes Meirelles, Carlos Viana de Carvalho, Isaac Sidney Menezes Ferreira, Luiz Edson Feltrim, Otávio Ribeiro Damaso, Reinaldo Le Grazie, Sidnei Corrêa Marques e Tiago Couto Berriel.
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Na nota com o resultado da reunião, o Copom afirma que os indicadores ainda sugerem "atividade econômica um pouco abaixo do esperado no curto prazo" e que a "inflação recente mostrou-se mais favorável que o esperado, em parte em decorrência da reversão da alta de preços de alimentos"
— O Comitê avaliará o ritmo e a magnitude da flexibilização monetária ao longo do tempo, de modo a garantir a convergência da inflação para a meta de 4,5%.
O veredito do BC atende às expectativas do mercado. Os economistas consultados semanalmente pelo BC apontavam para um recuo de exatamente 0,25 ponto percentual na reunião desta quarta-feira. A perspectiva do mercado é de que a Selic ainda recue mais 0,5 ponto percentual até o final do ano, fechando 2016 no patamar de 13,5% ao ano.
De acordo com o diretor de Estudos e Pesquisas Econômicas da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), Miguel José Ribeiro de Oliveira, a redução dos juros básicos a 14% ao ano terá um efeito muito pequeno nas operações de crédito aos consumidores brasileiros.
— Existe um deslocamento muito grande entre a taxa Selic e as taxas de juros cobradas aos consumidores que na média da pessoa física atingem 158,47% ao ano provocando uma variação de mais de 1.000,00% entre as duas pontas.
Selic
A Selic é conhecida como taxa básica porque é a mais baixa da economia e funciona como forma de piso para os demais juros cobrados no mercado. A taxa é usada nos empréstimos entre bancos e nas aplicações que as instituições financeiras fazem em títulos públicos federais.
Em linhas gerais, a Selic é a taxa que os bancos pagam para pegar dinheiro no mercado e repassá-lo para empresas ou consumidores em forma de empréstimos ou financiamentos. Por esse motivo, os juros que os bancos cobram dos consumidores são sempre superiores à Selic.
A Selic só influencia o rendimento da poupança quando é igual ou inferior a 8,5% ao ano. Ou seja, com a taxa no patamar atual, vale mais a pena buscar alternativas mais atrativas de investimento.