A inflação oficial registrou, em novembro, alta de 1,01%. Com isso, a poupança teve o seu pior resultado anualizado real (descontada a inflação) desde setembro de 2003, de acordo com a consultoria Economatica.
Isso acontece porque a rentabilidade, acumulada em 12 meses, da caderneta chegou a 7,95% no mês passado, enquanto o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) — inflação oficial — acumulou alta de 10,48% no mesmo período.
Dessa forma, a rentabilidade real da poupança (descontada a inflação) foi negativa: 2,29% a menos no seu bolso. A Economatica destaca que o cálculo do ganho real não é a simples subtração entre o ganho nominal da poupança e a inflação do período.
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A rentabilidade real negativa significa que o poupador está perdendo o poder aquisitivo. E o resultado do mês passado foi o pior desde setembro de 2003 quando a poupança atingiu -3,21% de ganho real.
Resgates
Os dois fatores — alta da inflação e rentabilidade negativa da poupança — fizeram aumentar o número de saques na caderneta. Nos últimos 11 meses, os poupadores retiraram mais dinheiro do que depositaram na poupança.
De acordo com o economista e vice-presidente do Conselho Regional de Economia de Pernambuco, Fernando Aquino, uma parte dos brasileiros está usando o dinheiro que possuem na poupança para pagar as contas e outra parte está migrando para outros investimentos que têm rendimento real positivo.
— A expectativa é a de que, em 2016, a inflação não fique tão alta como ficou neste ano e a poupança volte a ter rendimento positivo.
De janeiro a novembro deste ano, o saldo da poupança foi de R$ 647,6 bilhões, de acordo com o BC (Banco Central). Já no mesmo período do ano passado, o saldo era de R$ 653,7 bilhões.
O agente autônomo de investimentos Fernando Baggio afirma que a poupança não tem mais atrativos em relação a outros investimentos, mas que os pequenos investidores permanecem na caderneta por hábito.
— A poupança é mais simples e mais conhecida. Mas se as pessoas perceberem que estão perdendo dinheiro ou deixando de ganhar, elas podem se interessar em mudar. Há CDBs e títulos públicos que usam a inflação como indexador e protegem o investimento do aumento dos preços.