O dólar teve o maior recuo ante o real em quase dois meses nesta quinta-feira (5), após o BCE (Banco Central Europeu) reduzir as taxas de juros da zona do euro e anunciar medidas de estímulo, que geraram expectativa de aumento da liquidez internacional.
A moeda norte-americana recuou 1% e fechou a R$ 2,2608. Foi a maior queda diária do dólar ante o real desde 7 de abril. Segundo a BM&F, o volume financeiro ficou em US$ 2,275 bilhões.
O movimento de queda acelerou-se nos últimos minutos do pregão, quando a moeda tocou a mínima de R$ 2,2598, por conta de uma operação de entrada de recursos.
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O gerente de câmbio da corretora Treviso, Reginaldo Galhardo, afirmou que "o estímulo dado à economia da zona do euro vai gerar mais liquidez. Os bancos vão colocar mais dinheiro na economia. E, fatalmente, vai ter melhora do fluxo para cá".
O BCE cortou todas as suas principais taxas para mínimas recordes e, pela primeira vez, adotou taxa de depósito negativa, o que significa que cobrará 0,10% dos bancos por depósitos overnight.
Mas o BCE não anunciou por enquanto compras de ativos em larga escala, conhecidas como "quantitative easing", apesar de o presidente da instituição, Mario Draghi, ter dito que mais medidas podem ser adotadas.
Um dos chefes do BNP Paribas para o mercado europeu Ken Wattret demonstrou, em relatório, ceticismo sobre se as medidas anunciadas pelo BCE serão suficientes para conter a baixa inflação.
— Há dúvidas sobre se vão entregar um aumento "significativo" na flexibilização monetária para mudar a dinâmica de inflação (na zona do euro).
Apesar das dúvidas sobre os efeitos na economia da região, a expectativa é que os recursos se desloquem para o Brasil em busca de maiores rendimentos.
— Esse dinheiro vai atrás de lucratividade. E o Brasil tem taxa de juros alta para oferecer rentabilidade.
Mas esse fluxo não deve levar a quedas mais expressivas do dólar em relação ao real, segundo um tesoureiro de banco nacional, porque ainda há dúvidas sobre o desempenho da economia brasileira.
Um tesoureiro, que pediu para não ser identificado, afirmou que "o mau humor que existe não vai se dissipar com o BCE. Então, não tem motivo para quedas expressivas".
O Banco Central brasileiro gerou dúvidas no mercado nas últimas sessões sobre suas intervenções no mercado cambial. Operadores e analistas têm questionado sobre se a autoridade monetária pretende fazer a rolagem total dos contratos de swap cambial que vencem em 1º de julho e como será a prorrogação do programa de intervenções diárias no câmbio.
O BC vendeu todos os 10 mil papéis oferecidos nesta quinta-feira para a rolagem dos contratos que vencem no início do próximo mês. Com isso já rolou pouco mais de 17% do lote total, que corresponde a US$ 10,060 bilhões. Se mantiver o ritmo de oferta de 10 mil swaps por dia até o fim do mês, o BC vai rolar quase a totalidade dos contratos.
O BC também vendeu a oferta total diária de 4.000 swaps, com 500 contratos para 1º de dezembro deste ano e 3.500 para 2 de fevereiro do próximo, com volume de US$ 198,7 milhões.
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