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Mudanças em pesquisas alavancaram resultado do PIB no primeiro trimestre, afirmam economistas

Alterações nos cálculos fizeram indicadores de comércio e serviço saltarem consideravelmente

Economia|Alexandre Garcia, do R7

Mudanças fizeram PIB avançar 1% no primeiro trimestre de 2014 em comparação com os últimos três meses do ano passado
Mudanças fizeram PIB avançar 1% no primeiro trimestre de 2014 em comparação com os últimos três meses do ano passado Mudanças fizeram PIB avançar 1% no primeiro trimestre de 2014 em comparação com os últimos três meses do ano passado

Muito comemorada pelo governo, a divulgação do crescimento de 1% do PIB (Produto Interno Bruto) do primeiro trimestre de 2017 em relação aos últimos três meses do ano passado foi alavancada pelas mudanças metodológicas de duas pesquisas do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatista). A avaliação de economistas ouvidos pelo R7 é que a soma das riquezas produzidas no País não seria igualmente positiva sem as alterações da PMC (Pesquisa Mensal do Comércio) e da PMS (Pesquisa Mensal de Serviços).

A percepção dos especialistas leva em conta que as mudanças fizeram com que os dados de ambos os setores foram revisados em janeiro após novas amostras. Com isso, a queda de 0,7% registrada pela PMC para o mês se tornou uma alta de 5,5%. Ao mesmo tempo, o recuo de 2,2% da PMS virou uma alta de 0,2%.

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As mudanças causaram estranheza nos membros do Cofecon (Conselho Federal de Economia), que cobraram uma discussão com o IBGE para abordar a questão. O presidente do conselho, Júlio Miragaya, afirma que as revisões metodológicas são comuns em todas as economias do mundo. Ao reconhecer a competência e isenção do corpo técnico do IBGE, Miragaya diz não acreditar em manipulação, mas ressalta que a mudança metodológica foi mal explicada, rebateu no resultado do PIB e coloca a credibilidade do instituto nacional em xeque.

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— As duas pesquisas [PMC e PMS] entram no setor de serviços. O que eu imagino é que, se o IBGE faz essa pesquisa, evidentemente ela vai entrar no seu cálculo. [...] Se não tivesse ocorrido a revisão, provavelmente o setor de serviços apresentaria um resultado negativo e ele tem um peso muito grande no PIB.

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O professor de economia da UnB (Universidade de Brasília) Vander Mendes Lucas explica que a nova metodologia do IBGE passou a utilizar o ano de 2014 como base dos dados. Segundo Mendes, os setores de comércio e serviços são sempre os últimos a sinalizar o andamento da economia e, em 2014, os números ainda estavam em ascensão.

— Essas alterações, com certeza, influenciaram o resultado do PIB porque, quando você muda o ano base, todos os indicadores são puxados para cima.

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Miragaya também afirma que achou estranho o BC (Banco Central) divulgar o IBC-Br, que funciona como uma prévia do PIB, “com um resultado altamente otimista” dias depois das mudanças do IBGE.

— É estranho ter essa coincidência.

No início do mês, o novo presidente do IBGE, Roberto Olinto, classificou as críticas feitas sobre a atualização das pesquisas de varejo e de serviços como "levianas". Ele afirma que foi criada uma "discussão exagerada" sobre as mudanças da metodologia, que foram feitas "visando a melhoria das pesquisas".

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