PIB cresce acima do esperado puxado por consumo das famílias
Alta foi de 0,2% no segundo trimestre em relação ao período anterior
Economia|Fernando Mellis, do R7
O PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro, que é a soma de todas as riquezas produzidas no País, subiu 0,2% no segundo trimestre de 2017 na comparação com o primeiro trimestre do ano. Em valores correntes, o PIB alcançou R$ 1,639 trilhão.
É a segunda alta consecutiva, de acordo com dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta sexta-feira (1º).
O resultado positivo se deve principalmente ao consumo das famílias, que cresceu 1,4%. O setor agropecuário, que costuma puxar o indicador para cima, se manteve estável, sem variação.
Já a indústria registrou queda de 0,5%. Os destaques negativos foram os recuos de 2% na construção e de 1,3% na atividade de eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana. A indústria de extração mineral subiu 0,4%, enquanto a indústria de transformação variou 0,1%.
O setor de serviços, por sua vez, subiu 0,6%. Os destaques foram o comércio (1,9%), atividades imobiliárias e outros serviços (0,8%) e atividade de transporte, armazenagem e correio (0,6%).
Na comparação com o segundo trimestre de 2016, o PIB variou 0,3%. Já no acumulado de quatro trimestres, o PIB caiu 1,4% em relação ao mesmo período imediatamente anterior.
Análise semestral
Considerando o primeiro semestre de 2017, o PIB apresentou variação nula em relação ao primeiro semestre de 2016, após queda de 2,7% no segundo semestre de 2016. O destaque no semestre foi o desempenho positivo da agropecuária (15%), enquanto que indústria e serviços caíram, respectivamente, 1,6% e 1,0%.
Destaque do segundo trimestre, os gastos das famílias caiu 0,6% no semestre, enquanto que os gastos do governo recuaram 1,9%. No cenário internacional, importações e exportações subiram, respectivamente, 2,9% e 2,2%.
Consumo das famílias
O Ibre/FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas) esperava uma leve retração, conforme explica o pesquisador da área de Economia Aplicada Marcel Balassiano.
— A nossa projeção do PIB aqui no Ibre era de queda de 0,2% na margem. Mas nós podemos observar uma coisa positiva. O consumo das famílias, depois de nove trimestres em queda, apresenta uma alta. Eu vejo isso como um forte.
“O comércio, pelo lado da oferta, e o consumo das famílias, pelo lado da demanda, foram as principais influências para a variação positiva de 0,2% do PIB”, destaca Rebeca Palis, coordenadora de contas nacionais do IBGE.
O aumento do consumo das famílias, segundo o instituto, foi influenciado pela melhoria de indicadores macroeconômicos, como a desacelaração da inflação, queda dos juros e crescimento da massa salarial.
O pesquisador do Ibre também cita outro componente.
— A liberação das contas inativas do FGTS contribuiu para isso.
A taxa de investimento no segundo trimestre de 2017 foi de 15,5% do PIB, abaixo do observado no mesmo período do ano anterior (16,7%). A taxa de poupança foi de 15,8% no segundo trimestre de 2017 (ante 15,6% no mesmo período de 2016).
Balassiano lembra que a taxa de investimento tem caído há três anos.