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Educação

Currículo nacional precisa de mais tecnologia e direitos humanos dizem especialistas 

Profissionais da área levantam falhas; há até quem ache que a base nacional é desnecessária

Educação|Ana Ignacio, do R7

Fase de consulta pública para Base Nacional está aberta até março
Fase de consulta pública para Base Nacional está aberta até março

Apesar dos avanços das discussões sobre a criação de uma Base Nacional Comum no Brasil, especialistas da área ainda apontam falhas na construção do texto e alguns até colocam em dúvida a necessidade de existir uma base única.

Para Daniel Cara, coordenador-geral da campanha nacional pelo direito a educação, o texto ainda precisa passar por adequações.

— Muita coisa falta, mas ainda está em construção. Nos textos que estão em discussão, creio que há várias ausências como a questão das tecnologias. A base não prevê o uso de tecnologias como um meio importante para a construção do conhecimento; falta também um trabalho dedicado a direitos humanos, o texto de história é preciso ser melhorado, a parte de língua portuguesa precisa ser melhorada, mas não dá para julgar o que ainda está em andamento.

Para Guiomar Namo de Mello, educadora e membro do Conselho Estadual de Educação, a criação da base nacional é importante, mas é necessário tempo para discussão de todas as particularidades do projeto, o que ela acredita que não ocorreu no caso do Brasil.


— Precisaríamos de mais tempo. É importante ter a base nacional comum. O MEC assumir essa bandeira é muito bom, mas tem que entender que não vai ser de um dia para o outro. A base tem que ter coerência porque estamos falando de 12, 13 anos de vida escolar, então o que aprende no primeiro ano tem que ser importante para os demais.

Para ela, esse encadeamento entre um ano e outro ainda está falho.


— Tem problemas de coerência, de progressão. Um tipo de conteúdo que aparece na 4ª série e depois só volta na 7ª, por exemplo. Estamos falando de muitos conteúdos e ninguém está pedindo que saia pronto. O que eu acho é que não poderia ter um prazo tão pequeno.

Precisamos de uma base?


Paralela à discussão dos conteúdos e da forma da base, há ainda um debate sobre a necessidade de um currículo único. Para Miguel González Arroyo, professor titular emérito da Faculdade de Educação da UFMG, o Brasil não precisa de uma base.

— Acho que não precisa porque nossa realidade, nossa nação é tão diversa que pretender uma base nacional já vai contra o reconhecimento dessa diversidade. Umas das funções da escola é trabalhar a cultura, mas nós temos uma cultua única nacional comum? Não temos. Então que base nacional comum vai dar conta de uma história tão intensa?

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Para Arroyo, criar uma BNC seria uma forma de limitar o conhecimento e o que é ensinado nas escolas.

— A base nacional pensa que tem que melhorar a educação básica, mas a forma de melhorar é impondo uma única direção? A questão não é o conteúdo da base, é o que significa impor uma única base singular e comum, nacional diante dessa pluralidade de experiências.

Para Daniel Cara, a BNC é importante, mas é apenas um primeiro passo. 

— É importante ter como um ponto de partida sobre aquilo que todos os alunos devem ter em comum. O problema é que ela tem que ser encarada dessa forma, como ponto de partida.

Já César Callegari, membro do Conselho Nacional de Educação e diretor da faculdade Sesi de Educação de São Paulo, defende a existência de uma BNC.

— A elaboração da base considero essencial para a melhoria da educação básica brasileira, porque ela define com clareza quais são os direitos e objetivos de aprendizagem de quem frequenta as escolas brasileiras.

Callegari declara ainda que a BNC não exclui conteúdo ou particularidades culturais.

— Tem muita gente que é contra a existência da base, que acha que é autoritária, que não leva a diversidade das crianças brasileiras em conta e eu penso exatamente o contrário. Independente da diversidade, é direito que todos estejam alfabetizados, por exemplo. Temos que defender essa base como um princípio do direito à educação.

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