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Educação

Ex-diretor sabia de aterro na USP Leste

José Jorge Boueri Filho permitiu a colocação de terras contaminadas no campus em 2011

Educação|Do R7

Contaminação do solo na USP Leste foi constatada no final de 2013
Contaminação do solo na USP Leste foi constatada no final de 2013

Uma ata da Congregação da USP Leste, obtida pelo jornal O Estado de S. Paulo, mostra que o ex-diretor da unidade José Jorge Boueri Filho tinha conhecimento e permitiu a colocação de terras contaminadas no campus em fevereiro de 2011.

Boueri é investigado por MPE (Ministério Público Estadual) e pela USP sobre a responsabilidade no descarte indevido de terras na unidade. O MPE estima que o aterro de origem clandestina ocorreu de outubro de 2010 a outubro de 2011.

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O ex-vice-diretor da USP Leste Édson Roberto Leite também estava na reunião da congregação e ouviu Boueri falar sobre uma "parceria" para que terras fossem descartadas no campus em troca de serviços de terraplanagem e limpeza.


Tanto Boueri quanto Leite tinham autoridade para impedir o descarte e levar as questões aos órgãos técnicos da universidade — o que não foi feito, segundo a USP. Os dois foram procurados por e-mail ontem e anteontem, mas não responderam à reportagem.

Boueri e Leite nunca disseram à reitoria da universidade, ao MPE ou à imprensa se sabiam ou não de um acordo para que fossem colocadas as terras ou se tinham permitido esse procedimento na Each (Escola de Artes, Ciências e Humanidades).


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Eles foram convocados pela Assembleia Legislativa e pela Câmara Municipal para depor sobre o caso, mas não compareceram às sessões. A Procuradoria da Câmara deve pedir à Justiça uma intimação para que Boueri e o ex-vice-diretor deponham na Casa.

Informada sobre as declarações de Boueri, a Promotoria de Justiça do Patrimônio Público e Social do MPE afirmou que vai incluir a ata da congregação no inquérito civil que investiga o ex-diretor e que, com o documento, vai considerar se investigará também o ex-vice-diretor.

Parceria

No dia 16 de fevereiro de 2011, Boueri afirmou à Congregação da Each que "funcionários conseguiram uma parceria para que fosse colocada terra no campus". Em troca, explicou Boueri na época, seria feita a terraplenagem e limpeza de "todo o espaço entre os prédios". Foi nesse espaço que, mais tarde, foi detectada a presença de terra contaminada na USP Leste.

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O depósito do material foi feito sem licença ambiental, mesmo com o terreno localizado em uma área de proteção ambiental, na várzea do rio Tietê. Também não foi aberta licitação para a contratação do serviço na unidade.

O campus, na época, já tinha problemas de presença de gás metano no subsolo do terreno e não tinha nem sequer licença da Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) para funcionar. A unidade só obteve a licença de funcionamento do órgão em novembro de 2012.

A reitoria da USP informou que não sabia da existência de um acordo para que o depósito de terras fosse feito na USP Leste nem que o ex-diretor tivesse conhecimento da parceria. Afirmou também que não foi informada por Boueri sobre o caso.

O reitor da USP na época das declarações, João Grandino Rodas, disse por e-mail que não recebeu a informação, "oficial ou oficiosa, sobre a deposição de terras na EACH".

À CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) sobre terras contaminadas da Câmara Municipal, o atual reitor da USP, Marco Antonio Zago, reafirmou no mês passado que a responsabilidade pelo descarte das terras foi do ex-diretor da unidade.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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