Alteração na rota de voo de avião desparecido foi feita por computador
O comandante e o copiloto do Boeing 777 permanecem no centro da investigação
Internacional|Do R7, com AFP
A primeira alteração no voo do avião da Malaysian Airlines desparecido há mais de uma semana não foi feita manualmente pelos comandos regulares da aeronave. De acordo com investigadores citados pelo jornal New York Times nesta terça-feira (18), o rumo do Boeing 777 foi modificado por um computador de forma remota.
Conforme apresentado pelos especialistas, a alteração na rota do voo aconteceu por meio de um código de informática possivelmente programado por uma pessoa na cabine de comando graças ao Sistema de Gestão de Voo (FMS) utilizado pelos pilotos.
O comandante Zaharie Ahmad Shah e o copiloto Fariq Abdul Hamid permanecem no centro da investigação.
A Malaysia Airlines informou na segunda-feira (17) que o último contato com a torre de controle ("Tudo bem, boa noite") foi feito pelo copiloto.
As palavras, em tom relaxado, informaram a saída do Boeing do espaço aéreo da Malásia.
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Os investigadores desejavam identificar o autor da mensagem, pronunciada após a desativação manual de um dos dois sistemas de comunicação, para saber quem estava no comando.
O sistema ACARS (Aircraft Communications Addressing and Reporting System), que permite a troca de informações entre um avião em voo e o centro de operações de uma companhia aérea, emitiu o último sinal à 1h07.
O transponder, outro dispositivo crucial que informa a localização do avião, foi desconectado dois minutos depois da mensagem do copiloto.
Dúvidas sobre a cronologia
O presidente da Malaysia Airlines, Ahmad Jauhari Yahya, levantou dúvidas sobre a cronologia, ao indicar uma possível desativação do sistema ACARS antes ou depois da mensagem do copiloto.
Se o ACARS deixou de emitir ao mesmo tempo em que o transponder, a hipótese de uma falha técnica geral ganha destaque.
O governo da Malásia recebe muitas críticas por sua gestão da crise e pelas informações contraditórias.
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As autoridades malaias, porém, destacam o caráter "sem precedentes" do caso.
Os dados obtidos desde o desaparecimento do avião permitem afirmar que o Boeing 777 mudou de rumo no meio do caminho entre a Malásia e o Vietnã, e continuou voando durante sete horas.
Os radares militares malaios detectaram um sinal durante a noite, identificado mais tarde como procedente do voo MH-370.
Buscas
Dez dias após o misterioso desaparecimento do Boeing 777-200 da Malaysia Airlines, a China iniciou operações de busca em seu próprio território, informou nesta terça-feira (18) um responsável chinês.
Pequim iniciou suas operações de busca nas regiões do país situadas "no corredor aéreo norte", uma das trajetórias possíveis do aparelho, declarou o embaixador chinês na Malásia, Huang Huikang, citado pela agência estatal Xinhua.
Huang Huikang revelou ainda que uma investigação sobre os passageiros chineses do voo MH-370, desaparecido no dia 8 de março, não revela qualquer elemento que relacione o grupo ao misterioso incidente.
"Não encontramos qualquer prova ligando os passageiros chineses a um sequestro ou atentado" contra o avião da Malaysia Airlines, que fazia a rota entre Kuala Lumpur e Pequim, disse o diplomata.
Das 239 pessoas a bordo do Boeing, 153 são cidadãs chinesas.
As investigações sobre o desaparecimento do voo MH-370 se concentram na cabine dos pilotos e nas últimas palavras recebidas em terra, pronunciadas pelo copiloto, que coincidiram com o momento em que os principais sistemas de comunicação da aeronave foram deliberadamente desligados.
À 1h19 de sábado 8 de março (14h19 de sexta-feira no horário de Brasília), 38 minutos após a decolagem do Boeing 777 de Kuala Lumpur, o controle aéreo registrou a última comunicação oral a partir da cabine do piloto: "Tudo bem, boa noite".
Estas poucas palavras em inglês ("All right, good night"), pronunciadas de maneira descontraída segundo as autoridades malaias, foram uma resposta aos controladores de voo que anunciaram à tripulação que o avião se preparava para deixar o espaço aéreo malaio.
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O sistema ACARS (Aircraft Communication Addressing e Reporting System), que permite a troca de informações entre a aeronave em voo e o centro operacional de uma companhia aérea, emitiu um último sinal à 1h07. Ele deveria voltar a emitir meia hora depois, à 1h37.
A desativação deste sistema é necessariamente realizada por um piloto ou uma pessoa com conhecimentos na área, de acordo com especialistas.
O transponder, outro dispositivo crucial, que envia informações sobre a posição da aeronave, foi deliberadamente desligado dois minutos após a mensagem atribuída ao copiloto.
O avião desapareceu dos radares civis à 1h30. Os dados coletados desde então permitem afirmar que o avião mudou de direção entre a Malásia e o Vietnã e continuou voando por quase sete horas.